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31 de Julho de 2020 às 07:39

Contra demissões no Santander, Sindicato lança campanha e pede o seu apoio!


Numa única semana, de junho, o Santander demitiu 4 gerentes de agências e administrativo, todos de Belém.

“Foram 22 anos de banco, fiz em maio, tudo que sei fazer é ser bancária, entrei no Santander como estagiária e fui crescendo profissionalmente. Minha agência recebeu vários prêmios ano passado, e hoje tive que assinar a minha demissão”, conta uma das demitidas.

A bancária, que prefere não ser identificada, disse que na hora que soube da própria demissão, não teve reação. A emoção veio na hora de se despedir da equipe.

“Pedi para o chefe pra esperar todos chegarem para tomarmos nosso último café da manhã juntos, temos esse hábito na agência”, conta.

Daqui a 3 anos ela entraria no período de estabilidade, e apesar de ter sido pega de surpresa (nada agradável) ela não pretende recorrer à justiça. “Eu gosto do que faço, se eu puder voltar pra outro banco, ficarei feliz, tudo que tenho hoje foi graças ao meu emprego, mas está tudo muito recente pra eu ter certeza de qualquer coisa do que quero pra mim no futuro profissionalmente, só não quero ficar por muito tempo mais em casa”, afirma.

A bancária entrou de férias em maio, um mês antes, teve a covid-19 e retornou, já recuperada e das férias, início de julho.

“Todas as demissões foram de colegas com muito tempo na empresa. Inclusive no dia do nosso ato, mês passado, outro colega PCD também foi desligado sem justo motivo Estamos acompanhando todos os casos de perto e avaliando, conforme o desejo de cada bancário e bancária, ingressar com ações na justiça. Isso é desumano em meio à crise de saúde pública e econômica que passamos no país”, explica o diretor de bancos privados do Sindicato, Sandro Mattos.

O Sindicato ajuizou, no dia 14 de julho, Ação Civil Pública (ACP) contra o Santander. Distribuída para a 19ª Vara do Trabalho de Belém, a ACP destaca as demissões arbitrárias, sem justa causa, em meio à pandemia.

Após o despacho inicial, foi determinada a notificação do banco para apresentar defesa no prazo de 15 dias.

Metas abusivas e demissões

Em um mês, o Santander demitiu, no Brasil, 433 funcionários, segundo levantamento realizado pelos sindicatos dos bancários de todo o país, publicado na Folha Online.

O jornal lembrou que o banco quebrou seu compromisso de não demitir funcionários durante a crise sanitária causada pelo novo coronavírus que assola o país e as demissões estão ocorrendo em diversos estados. O veículo comunicou, ainda, que o Santander é o único entre os maiores bancos do país a não respeitar o compromisso pela não demissão de funcionários neste período.

O número de demissões pode ser ainda maior, uma vez que o banco não apresenta os dados e os sindicatos tiveram que fazer um levantamento a partir das informações que são passadas pelos próprios trabalhadores e trabalhadoras.

“Para um banco que, em três meses, teve lucro líquido de R$ 3,85 bi, isso é, no mínimo, desumano, em meio a uma crise na saúde e economia do Brasil. Só no Brasil, o lucro do Santander foi de 29% do total de seu lucro mundial. O valor é 10,5% maior do que o obtido no mesmo período de 2019. Ou seja, as demissões ocorrem em virtude da ganância do banco”, avalia o diretor da Fetec-CT/CN e empregado do banco, Manoel de Souza.

De acordo com a Contraf-CUT, existem relatos de que o presidente do Santander no Brasil, Sergio Rial, realizou videoconferência com funcionários em cargos de gestão e disse que as metas devem ser cobradas mesmo em período de pandemia. E, mais, que o não cumprimento das metas deve ser punido com a demissão. Na ocasião, Rial teria dito que “aqueles que pensam diferente e não colaboram prestam um desserviço ao banco e contribuem para um baixo nível de produtividade”.

O banco vem cumprindo a ordem de Rial. Já demitiu uma série de funcionários, mas, segundo outra reportagem publicada pelo jornal Folha de S.Paulo, pode haver demissão em massa de 20% do quadro de pessoal. O banco diz que haverá demissões, mas não deve chegar aos 20% anunciados pelo jornal. No entanto, confirma que as demissões ocorreram pelo não cumprimento de metas.

Bancada federal também adere à Campanha

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O deputado federal Edmilson Rodrigues (PSOL/PA), em sessão da Câmara dos Deputados, nesta quarta-feira (29), solidarizou-se com os bancários e bancárias do Santander. “Quero pedir aos órgãos de fiscalização que coíbam uma instituição tão lucrativa de destruir empregos e demitir tanta gente. No Pará, já se contabilizam nove demissões”, alertou o deputado paraense.

Mais reforço

O Sindicato, por meio de ofício endereçado ao presidente da Assembleia Legislativa do Pará, deputado Daniel Barbosa, pediu aos parlamentares da casa a adoção de “medidas que visem a coibir a conduta assumida pela empresa no meio da crise instaurada em nosso país”, diz no documento.

 

Fonte: Bancários PA


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