Mais de 200 pessoas participaram, na terça-feira (6), no Teatro dos Bancários, de um ato político-cultural em comemoração aos 80 anos da vitória soviética sobre o nazifascismo. Organizado pelo Capítulo Brasil da Internacional Antifascista, o evento reuniu representantes de embaixadas, partidos, centrais sindicais, movimentos sociais e de solidariedade internacionalista. A programação contou com apresentações musicais, poesia, discursos de autoridades e lideranças de diversos países, destacando a importância histórica da data e a necessidade de manter viva a luta contra o fascismo.
O evento iniciou com a apresentação do grupo de sopro e percussão Muralha Antifascista, que recepcionou os participantes na chegada. Em seguida, Fabiano Trompetista tocou a Internacional, hino da classe trabalhadora. Duo Accordi, com Eleni Fagundes e Chico Nogueira, se apresentou, seguidos por Myrlla Muniz, a poeta Nara, Maria de Barros e Lucy.
Em seguida, foi composta a mesa do ato. Após a abertura pelo representante da Internacional Antifascista, Pedro Batista, que falou sobre a construção dessa articulação, criada por representantes de 97 países, em setembro de 2024, em Caracas, e em 7 de fevereiro deste ano, no Brasil. “Em todo o mundo serão realizados atos marcando os 80 anos da vitória soviética contra o nazifascismo, que libertou os povos de um dos períodos mais sombrios da história, quando mais de 60 milhões de pessoas morreram”, disse Batista. “Uma luta que segue viva no mundo e no Brasil”, completou.
O embaixador da Rússia, Alexey Kazimirovitch Labetskiy, agradeceu à organização da atividade, ao Sindicato dos Bancários e destacou a seguir: “Nos faz lembrar a guerra que foi vencida contra a peste fascista no mundo. Essa vitória que festejaremos em 80 anos é uma vitória de todos nós”. Continuou: “Na Rússia, não há nenhuma família que não perdeu alguém na guerra contra os nazis; cada família está lembrando hoje a façanha que rechaçou os ataques nazistas e racistas, e muitos e muitos perderam sua vida. Na minha família, o meu tio, irmão do meu pai, que não conheci, morreu em combate em 1943, perto de Leningrado; os meus dois avôs combateram e sobreviveram”. Para o embaixador, “a festa de vitória tem um simbolismo específico para cada um de nós, não é algo abstrato; lembramos aquela bandeira que foi içada em Berlim, quando nós vencemos. Os que combateram acreditaram que o nazifascismo não apareceria de novo, mas infelizmente hoje estamos vendo e vivendo o ressurgimento dessa peste inumana, o ressurgimento dessa peste nos países da Europa, na Ucrânia, onde os adeptos de Hitler foram glorificados”.
“Para nós, os russos que residimos no Brasil, é muito importante reunir os amigos que compreendem a razão, os amigos do único país latino-americano que enviou a Força Expedicionária e combateu os nazis em campo aberto, em 1944 e 1945, na Itália. Lembramos muito bem que as vidas brasileiras perdidas nessa batalha serviram para nossa causa comum”, disse Labetskiy. Também ressaltou que “estamos muito orgulhosos de que o Senhor Presidente, Luís Inácio Lula da Silva, vai embarcar para Moscou, onde participará no dia 9 dos festejos dedicados a esse aniversário”.
O embaixador de Cuba no Brasil, Adolfo Curbelo, também informou que o presidente Miguel Díaz-Canel já está em Moscou para participar das comemorações da vitória contra o nazifascismo. “O triunfo que marcou o fim de uma das épocas mais sombrias da humanidade, que também abriu a porta para a libertação de dezenas de povos. Há 80 anos, as forças soviéticas derrotaram as forças nazifascistas que ameaçaram destruir toda a humanidade”. Curbelo lembrou o que “dizia Fidel Castro: sem a Revolução de Outubro e a façanha do povo soviético, que primeiro resistiu à intervenção e ao bloqueio do imperialismo e depois derrotou a intervenção do fascismo a um custo de 20 milhões de mortes, a libertação de dezenas de povos não teria sido possível”. Lembrou um fato que não poderá jamais ser esquecido: “foi o povo soviético que teve o papel fundamental e decisivo na derrota do nazifascismo”.
Em nome da Embaixada da República Bolivariana da Venezuela, o ministro-conselheiro Efrem Martin afirmou: “Em nome do presidente Nicolás Maduro e do embaixador Manuel Vadel, viemos nos unir a essa gloriosa vitória do Exército Vermelho contra os nazifascistas, com a qual honramos a memória dos mártires que derrotaram o nazifascismo. Estamos aqui para reafirmar a luta por um mundo multipolar e de paz”.
Ahamed Mulay, embaixador representante da Frente Polisário, em nome do povo saaraui, ressaltou “aquele dia em que a justiça e a democracia dos povos venceram o fascismo, o que é importante resgatar, quando precisamos fazer com que as universidades e a nova geração conheçam a história e que esta batalha permanece”. Lembrou da luta que seu povo trava contra a ocupação marroquina do Saara Ocidental.
O adido cultural da Embaixada da República Islâmica do Irã, Ali Reza Mirjalili, lembrou que “o império atual do mundo trata de dividir os povos. Somos irmãos e irmãs, todos no mesmo caminho de lutar”. Disse: “sou da cultura e arte, quero falar da arte de resistência, fundamental para que a verdade seja conhecida. O império ataca o Irã como se fôssemos culpados de tudo no mundo. O Irã, religiosamente, não pode ter bomba atômica; não é permitido no país produzir algo que mate os inocentes”. Enquanto isso, denunciou que “saiu a notícia de que atacaram o Iêmen com bomba atômica, usam o nome da liberdade e da democracia para fazer isso”. Lembrou que “precisamos estar todos os países unidos. Hoje, lutar pela Palestina é lutar por toda a humanidade”.
Sindicatos, partidos e movimentos
O Sindicato dos Bancários de Brasília, representado por Paulo Vinicios, destacou que “o centro do mais necessário no momento para retomar a ofensiva contra os inimigos dos povos é construir a unidade dentro do campo democrático e popular”. “Importante lembrarmos daquela imagem de Winston Churchill, Franklin Roosevelt e Josef Stalin resgatando a libertação da humanidade do fascismo e o avanço das lutas dos povos pela libertação”. Recordou que “não podemos esquecer a importância da Força Expedicionária Brasileira e resgatar nossos símbolos”.
A presidente da Associação pela Solidariedade à Autodeterminação do Povo Saaraui – ASAARAUI, a ex-deputada Maria Maninha, destacou a importância de que “a Segunda Guerra Mundial trouxe consequências para todo o mundo. Acompanhamos um povo que se tornou farol para todos os povos do mundo, como símbolo da derrota do nazismo e o símbolo da construção de uma nova ordem social”.
Sayd Tenório, vice-presidente do Instituto Brasil–Palestina – IBRASPA, lembrou que “esta data traz um significado para todos os povos que lutam pela soberania. A vitória do povo soviético derrotando a besta fera do nazismo foi uma onda de empoderamento de todos os povos que buscavam a soberania e a liberdade. Os dias mais sangrentos e vitoriosos de Stalingrado serviram de inspiração para os chineses, os vietnamitas – que derrotaram o exército mais poderoso da época –, a vitoriosa revolução argelina, cubana e a luta do povo saaraui, assim como os feitos da revolução bolivariana e a resistência do povo palestino. O genocídio na Palestina sintetiza o nazismo representado pelo sionismo. Precisamos derrotar a besta fera que há no Brasil”.
Pelo Cebrapaz, falou Luiza Calvetti, afirmando que “a luta contra o nazismo é a luta de todos os povos pelo direito de existir”.
O reitor da Universidade Popular – UNIPOP, o advogado Acilino Ribeiro, destacou que “a União Soviética salvou a humanidade”. Mostrou que “a indústria de Hollywood é capaz de criar qualquer narrativa. Os EUA eram a favor da Alemanha nazista, mas a propaganda mostra o contrário”.
O presidente do PT do Guará, falando em nome da direção do partido, Afonso Magalhães, ressaltou que “a vitória da União Soviética contra o nazismo é a vitória da humanidade, que influenciou toda a luta dos trabalhadores no mundo”. E que é preciso “fortalecer a frente única mundial de movimentos, governos e partidos para derrotar o imperialismo, como os BRICS”.
Pelo PCO, Expedito Mendonça disse que “o inimigo maior da humanidade é o imperialismo ocidental, representado pelas democracias ocidentais”.
Já Victor Cavalcante, em nome do PCdoB, lembrou que “o fascismo entra pelas redes sociais nas escolas, comunidades e famílias”.
Pela Central Única dos Trabalhadores – CUT, Ismael César, pela direção nacional da entidade, afirmou que “a história segue viva, as lutas dos trabalhadores mostram isso. A luta da classe trabalhadora avança e nos levará ao socialismo. Como dizia Rosa Luxemburgo: Socialismo ou barbárie”, lembrou.
O presidente do PCB, Teodoro da Cruz, lembrou que essa comemoração é “uma data que é exemplo de vida para todos nós”. “O maior inimigo da humanidade é o imperialismo estadunidense. Todos precisam se empenhar nesta luta da humanidade”, disse.
Pela Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil – CTB, Robson Camara lembrou que “a luta contra o nazifascismo não pode ser abandonada. Hoje, exige que devemos estar atentos para fazer esse enfrentamento que segue”.
Mava, pela Direção Nacional da União da Juventude Comunista – UJC, saudou quem vem da luta histórica contra o nazifascismo e denunciou a situação atual na Universidade de Brasília – UnB: “Na UnB, a juventude está fazendo o enfrentamento contra os nazifascistas; todos estão chamados para reforçar essa batalha dentro da universidade”.
Andrey Prokin, representante da Casa da Rússia no Brasil, lembrou que “9 de maio de 1945 foi um momento crucial da humanidade, quando as forças do bem, lideradas por sua vanguarda, o Exército Vermelho, e apoiadas pela Força Expedicionária Brasileira, derrotaram os nazifascistas”.
Mais música e poesia
Logo a seguir, iniciou-se a apresentação da banda Os Candangos, dos poetas Soter e Ismar Lemes. A atividade foi encerrada com um show do grupo musical brasiliense Liga Tripa, que arrastou os presentes para o hall do teatro, onde a noite de arte e luta se encerrou.
A coordenação do evento agradeceu a presença de todos, especialmente ao Sindicato dos Bancários e aos artistas e poetas.
Música e poesia com Duo Accordi, Lucy, Liga Tripa, Myrlla Muniz, Mariana Camelo, Os Candangos, Muralha Antifascista, Ismar Lemes, Soter, Nara, Vinícius Borba, Maria de Barros e Fabiano Trompetista.
Participaram representantes do PT, PCdoB, PCB e PCO, Comitê Anti-imperialista General Abreu e Lima, Cebrapaz, FNL, UJC, JPT, Sindicato dos Bancários de Brasília, CUT, CTB, Contraf-CUT, Unidade Classista, CMP, Casa da Rússia, IBRASPAL, ASAARAUI, UNIPOP, CICRAL, TV Comunitária de Brasília, TV Travessia, Borda Luta, Gabinete do deputado Gabriel Magno, Telesur, ABRAÇO, SINPRO, Coletivo Mulheres Negras Baobá, Sindsep-DF, A Nova Democracia, Rádio Favela, Supernova, Comitê de Solidariedade ao Povo Palestino e Metal Redes Moto Club.
Pedro César Batista
Colaboração para o Seeb Brasília