Todo trabalho deve ser adequadamente remunerado, exercido em liberdade, equidade, segurança, e capaz de garantir vida digna. Esses são os preceitos básicos para aquilo que se denomina trabalho e emprego decente.
O conceito se apoia em quatro pilares: os direitos e princípios fundamentais do trabalho, a promoção do emprego de qualidade, a extensão da proteção social e o diálogo social. Sabemos que para essas condições de trabalho serem a realidade dos postos de trabalho é necessário a organização e a luta dos trabalhadores e trabalhadoras.
Nos últimos anos, no entanto, com o franco ataque que as entidades sindicais sofreram de sucessivos governos de direita e extrema direta no Brasil, a classe trabalhadora brasileira viu parte de suas conquistas mais relevantes perderem força.
O secretário nacional de Relações do Trabalho da CUT, Sérgio Ricardo Antiqueira, explica que as condições de trabalho no Brasil decaíram de maneira expressiva a partir de 2016, com o golpe que interrompeu o mandato da então presidenta da República, Dilma Rousseff, alçando o então vice-presidente Michel Temer à presidência de fato.
Uma das primeiras medidas estruturais postas em marcha por Temer foi a Reforma Trabalhista, que alterou mais de 200 pontos da CLT, modificando o conjunto de leis que protege os trabalhadores, e abrindo espaço para ampla precarização dos postos de trabalho.
Segundo Antiqueira, “com a falsa promessa de ser uma “vacina” contra a diminuição da oferta de vagas, a proposta de reforma atendeu a interesses do mercado financeiro e dos empresários.”
A flexibilização aguda dos direitos trabalhistas, salários menores e pouca margem para negociação, deram a tônica da reforma. Um dos pontos principais foi a permissão para que as empresas tercerizem as atividades-fim. Para o secretário, são nas empresas terceirizadas onde estão os focos das piores condições de trabalho, ou mesmo o trabalho análogo à escravidão.
“Um exemplo disso é o agronegócio, em especial o setor pecuário. O índice de fazendas e frigoríficos que desrespeitam os Direitos Humanos é muito alto. É um setor econômico que emprega pouco, mas maltrata muito, e o capital sequer fica no Brasil”, conta Antiqueira.
Além do agronegócio, outro setor que merece atenção das organizações dos trabalhadores no que diz respeito a jornadas de trabalho, remuneração, atenção à saúde e proteção social são as empresas de transporte de passageiros e de entregas por aplicativos, como Uber e 99.
Os motoristas e entregadores por aplicativos cumprem, em geral, jornadas extenuantes, precisam garantir os próprios equipamentos de trabalho, não têm vínculo reconhecido, não possuem remuneração mínima, e por trabalharem por metas e escala de avaliações muitas vezes sequer se alimentam durante a jornada de trabalho.
Para enfrentar essas questões, o governo, em conjunto com organizações da sociedade civil e representantes dos trabalhadores e trabalhadoras, entre elas a CUT, propôs ao Congresso Nacional o PLC dos Aplicativos. A ideia da lei é regulamentar a atividade e garantir condições mínimas de trabalho.
Os pontos previstos no PLC são:
. Relações de trabalho;
. Princípios que devem reger a relação entre trabalhadores(as) e empresas de aplicativos (trabalho decente);
. Piso salarial de R$ 8,03/hora;
. Cobertura dos custos no valor de R$ 24,07/hora;
. Jornada de trabalho efetivamente trabalhada e tempo de conexão máximo;
. Direito à previdência social;
. Direitos dos(as) trabalhadores(as) em situações de subcontratação;
. Regras para a exclusão do(a) trabalhador(a) da plataforma;
. Representação sindical e negociação coletiva;
. Penalização pelo descumprimento das regras previstas no Projeto de Lei Complementar.
Com o lema “1° de Maio – Dia do Trabalhador e da Trabalhadora por um Brasil mais justo”, o ato será, mais uma vez, realizado de forma unitária entre a CUT, Força Sindical, União Geral dos Trabalhadores (UGT), Central de Trabalhadores Brasileiros (CTB), Nova Central Sindical de Trabalhadores (NCST), Central de Sindicatos Brasileiros (CSB), Intersindical – Central da Classe Trabalhadora e Pública.
O 1° de Maio é organizado em todos os 26 estados e no Distrito Federal. Em São Paulo, o Dia do Trabalhador e da Trabalhadora será realizado no estacionamento Oeste da Neo Química Arena (estádio do Corinthians), conhecido como Itaquerão, na zona leste da capital paulista, a partir das 10 horas da manhã.
Em Belém, o ato político-cultural começa às 9h com concentração na Praça da República e de lá, trabalhadores e trabalhadoras saem em caminhada ao Boulevard da Gastronomia onde haverá show com o Arraial do Pavulagem e outras atrações, além de serviços de cidadania.
Em Marabá, o dia vai ser de luta, com ato às 8h na Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (Unifesspa) – Folha 31, Quadra 07, Lote Especial, s/n.º – Nova Marabá; e de festa, a partir das 12h na sede do Sindicato dos Empregados no Comércio do município de Marabá e Sul do Pará (Sindecomar) – R. Sete de Junho, 961 – Velha Marabá.
O 1º de Maio terá dois momentos: a partir das 10h será o ato político das centrais sindicais, com as falas de lideranças, convidados e convidadas que representam o movimento popular e a sociedade civil organizada, parlamentares, lideranças partidárias, ministros e autoridades do governo federal. A presença do presidente Lula está confirmada.
Após o ato político, será realizado o Festival Cultura e Direitos, com apresentações artísticas e musicais, entre elas: Paula Lima, Quesito Melodia, Afonsinho BV, Pagode dos Meninos, Trio da Lua- Na trilha do Xaxado, Taty Dantas, Dexter, Roger Deff, Bateria Show da Gaviões da Fiel, Afro-X, Arnaldo Tiffu, Almirzinho, Arlindinho, Ivo Meirelles, Doce Encontro, e Sérgio Loroza e Pameloza.
No espaço do evento, ao longo do dia, serão realizadas ações de cidadania voltadas à saúde, orientação jurídica, segurança alimentar, meio ambiente e direitos humanos. Também haverá área para recreação infantil.
Fonte: CUT Brasil com edição Bancários PA