Por Rafaella Gomes e Leny Valadão
Hoje, 18 de março, a CAIXA divulgou o lucro de 2020. Um resultado alcançado às custas de muita dedicação de cada empregado da linha de frente que colocou sua saúde e vida em risco para atender aos mais vulneráveis durante a pandemia de COVID 19, com sobre carga de trabalho não só em relação aos horários estendidos, como pela necessidade de proteger os empregados do grupo de risco em teletrabalho fazendo com que a demanda individual nas agencias sejam exaustivas. Os empregados que se mantiveram no trabalho remoto contribuíram com jornadas de trabalho exaustivas pois, a direção da CAIXA se mantém alheia às demandas de regulamentação do teletrabalho em acordo a parte, como já ocorreu em outros bancos, e segue sem o controle da jornada, a garantia de desconexão assim contribuindo para uma cobrança desarrazoada de entregas.
O resultado alcançado de 13,2 bilhões é bem significativo, está entre os 5 melhores resultados gerados pelos bancários no ano passado e é o 2º melhor resultado da história da CAIXA. E demonstra o quanto a CAIXA é imprescindível a nossa sociedade, principalmente no atendimento dos mais vulneráveis. Quem mais conseguiria atender aos mais de 67 milhões de pessoas, no pagamento do auxílio emergencial, distribuídas em todos os municípios brasileiros? Como banco 100% público, a CAIXA devolve para a sociedade parte de sua arrecadação como por exemplo o repasse de R$ 8,0 bilhões aos programas sociais nas áreas de seguridade social, esporte, cultura, segurança pública, educação e saúde decorrentes da arrecadação das loterias.
Mas por que recebemos com clima de decepção? Em 12 de janeiro de 2021, dia em que a nossa empresa completou 160 anos, Pedro Guimarães levianamente lançou a expectativa de “lucro recorde” em sua fala à imprensa, durante a solenidade de aniversário no Palácio do Planalto. Uma conta fácil de fazer, se o maior lucro da história da CAIXA foi em 2019 de 21,1 bilhões de reais, esse ano deveria superá-lo. Então perguntamos, onde estão os bilhões que faltam no resultado?
A resposta é que de forma irresponsável e sem considerar nada mais que o próprio ego, novamente, Pedro Guimarães criou uma ilusão. Novamente porque o faz repetidamente, como quando chora pelos heróis que estão na linha de frente e nada faz para que esses mesmos heróis estejam na lista de prioridades da vacina e ainda os pressiona por metas inalcançáveis e cada dia maiores, não é à toa que R$ 112,6 bilhões em crédito foram contratados no 4º trimestre, a base de muita pressão e assédios. Tal como ao tentar levar o crédito pelas contratações de empregados PCD não citou que foram fruto da luta dos sindicatos para que a CAIXA minimamente cumpra a lei. Ou como quando se refere à extensão do Saúde Caixa a todos os empregados como se fosse uma de suas benesses.
Gerou uma expectativa ao dizer que apresentaria o balanço no final de fevereiro, sem que o documento estivesse finalizado, deixando todo o quadro funcional sem nenhuma explicação ou previsão depois disso, e só agora, por último, divulga o lucro e paga a PLR quase no fim do prazo, sempre imprimindo a narrativa falsa de benfeitor, enquanto na verdade as conquistas são fruto única e exclusivamente da luta das empregadas e empregados da CAIXA.
Ao se focar no marketing pessoal, esquece de ressaltar para a sociedade a relevância que a CAIXA 100% pública tem para o fomento de políticas públicas na esperança de assim não receba resistência enquanto a vende aos pedaços. Quanto desse lucro foi obtido às custas da venda de ativos? Como os 7 bilhões recebidos em 30 de dezembro pelo acordo com a CNP Assurances para explorar com exclusividade por 25 anos os produtos de seguro e previdência distribuídos na CAIXA.
2021 segue sendo um ano em que a CAIXA será mais uma vez protagonista das ações de justiça social necessárias para o enfrentamento da pandemia, sendo urgente e prioritário respeitar os milhares de trabalhadores da CAIXA que são os verdadeiros responsáveis pelo bom resultado da empresa e de sua credibilidade. Pedro Guimarães não é a CAIXA, é apenas um marketeiro turista quer ganhar a fama em cima da luta dos trabalhadores.
Rafaella Gomes e Leny Valadão são diretoras do Sindicato dos Bancários de Brasília e empregadas da Caixa