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8 de Março de 2017 às 15:30

Manifesto: Bancárias do BB denunciam desigualdade de gênero no banco

BB completa 209 anos e embora signatário de acordos internacionais pró equidade descumpre acordo coletivo de trabalho e aprofunda a desigualdade de gênero


Crédito: Reprodução

Março, mês de luta para as mulheres de todo mundo é marcado com meia culpa promovida pela diretoria do Banco. Não há nada para ser comemorado: o Banco do Brasil aprofundou a diferenças entre homens e mulheres. E contrariando as falsas justificativas para ausências de mulheres na direção, o lugar da mulher é onde ela quiser e de certamente encontraremos mulheres com capacidade técnica, vontade política e disponibilidade para dirigir o Banco cujo o resultado foi construído por trabalhadoras que a política machista do BB insiste em manter na invisibilidade.

Sob a pretensa proposta de trazer o debate da equidade de gênero diretoria do banco do brasil divulga serie de noticiais que evidencia a falta de participação das mulheres nos cargos gerencias do empresa. Os dados apresentados demonstram que embora o banco firme compromissos com as trabalhadoras e aparece como signatário de tratados internacionais como HeforShe da ONU, não foram implementadas programas e políticas que permitissem o encarceramento da mulher no BB nos últimos anos.

Não precisamos de novos compromissos necessitamos de uma mudanças na estrutura organizacional da empresa, pois em 2008 após pressão dos trabalhadores e trabalhadoras o Banco do Brasil, assinou acordo pró equidade de gênero. Muito se escreveu sobre a questão, código de ética foi alterado, novos acordos, inclusive internacionais foram assinado pelo Banco reafirmando o compromisso com as trabalhadoras. Passados 9 anos, esperava-se encontrar um banco com mais participação das mulheres em todos os seguimentos inclusive nos cargos diretivos da entidade.

Em 2008, éramos cerca de 85 mil funcionários do BB sendo 62% de homens e 38% de mulheres. Nas funções comissionadas operacionais, 56% eram do sexo masculino e 44% do sexo feminino. Nos cargos gerenciais, 70% eram homens e 30% mulheres. Na direção 90% dos cargos eram ocupados por homens e apenas 10% por mulheres.

Hoje as mulheres correspondem a 41% do quadro total de funcionários e os percentuais de comissionamento nos altos cargos do BB permanece praticamente inalterado, pois as mulheres ocupam apenas 11% deles. O crescimento de 1 percentil, poderia de forma descontextualizada indicar a ampliação das mulheres na direção do Banco, mas o que aconteceu foi a redução de vice presidências, diretorias e regionais do BB nos últimos anos decorrentes das diversas restruturações. Os percentuais minimizam a crueldade que é a participação das mulheres nos altos cargos do BB: estamos falando de uma, duas, no máximo três mulheres que ocupam cargos equivalentes ao de diretor no Banco.

O aprofundamento da desigualdade entre os gêneros no BB fica evidente quando se observa o aumento da quantidade de mulheres que ingressaram no banco. O concurso público, única via de ingresso no BB, não vê o gênero como critério desqualificador, e diferente de outras minorias sociais não possui política de cotas para ingresso. Ou seja, para ingresso no BB são avaliadas apenas as habilidades técnicas e a avaliação aprova mais mulher que homens. Depois do ingresso as concorrências internas habilitam mais homens que mulheres criando a falta de equidade nos processo de seleção e encarreiramento das mulheres.

Argumentos como: “as mulheres optam pela segurança e redução de jornada que o banco proporciona”, “depois da gerência média, as nomeações são políticas, e as mulheres não sabem fazer política e construir relações”, “o espaço corporativo é duro demais para as mulheres, muitas vezes temos que tomar decisões complicadas”, “cargos decisão implicam em disponibilidade de horário, questão incompatível com a realidade da mulher que tem sua família para cuidar” são propagados como mantras  e moldam uma cultura institucional que prejudica as mulheres.

No desmonte do Banco do Brasil que vivenciamos hoje, sindicatos de todo o país receberam denuncias de mulheres grávidas que embora bem posicionadas no TAO eram preteridas em entrevistas presencias. Outras mulheres em licença maternidade receberam ligações informando a  perda da comissão em virtude de transferência de carteira ao encerramento da agencia. Foi necessário que o assunto fosse levado a mesa de negociação para que o Banco se posicionasse e acabasse com essa política de violência de gênero. É necessário que social e profissionalmente homens e mulheres sejam trados de forma igualitária exercendo inclusive suas diferenças humanas e culturais. É mister que a ampliação da licença paternidade foi um avanço, mas ainda há muito que se construir para consolidar uma licença parental que tira o foco da mãe passando-o para a criança que necessita do cuidado dos pais de forma compartilhada e com equidade entre os gêneros.

É necessário luta, organização e unidade para ampliar direitos e buscar consolidar no BB uma política real de igualdade, que não transforme direitos conquistados em critérios para não comissionamento. Neste dia 8, não basta apenas publicações com fotos de mulheres sorridentes. Se reconhecer a carência mulheres no quadro diretivo é o primeiro passo, espero que antes do fim do mês o banco negocie com as entidades representativas ações que possibilitarão colocar o discurso em prática para construir de um banco com equidade de gênero.

 

Jannayna  Lima – Seeb Ceará

Sandra Trajano- Seeb Pernambuco

Silvia Muto –  Fetec-SP

Fernanda Lopes -  Contraf-CUT

Karin Gonzalez - Seeb  ABC

Debora Negrão - Conselho Fiscal da Previ

Elisa Figueiredo - Conselho deliberativo Cassi

Ana Smolka - Porto Alegre

Rita Mota – Conselho Fiscal da PREVI

Luciana Bagno –  Seeb BH

 

Fonte: Contraf-CUT


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