Ao longo de seus 156 anos de história, lembrados nesta quinta-feira (12), a Caixa venceu desafios, escreveu o seu próprio destino e projetou o seu futuro. Em mais de um século e meio de existência, a empresa resistiu às turbulências provocadas por mudanças de regimes políticos, mantendo-se 100% pública e aperfeiçoando seu papel de banco social, a serviço do desenvolvimento do país e da melhoria das condições de vida de cada brasileiro.
A trajetória de banco público profundamente vinculado às necessidades da população, com atuação voltada para os segmentos de baixa renda, está alicerçada no esforço, na inteligência e na generosidade das sucessivas gerações de empregados e empregadas que se dedicaram à construção e à defesa da empresa. Dar consequência às políticas públicas indutoras da inclusão e da cidadania tornou-se elemento integrado ao DNA do bancário da Caixa.
Todo o povo brasileiro encontra muito da Caixa em sua própria vida, no cotidiano de sua comunidade e na história de país. Infelizmente, porém, o atual governo brasileiro responde a esse vital papel estratégico do banco e de outras instituições, a exemplo do Banco do Brasil e do BNDES, com mais do mesmo. A equação é uma velha conhecida e repete o terror difundido nos anos 1990, durante o governo Fernando Henrique Cardoso: enxuga-se a quantidade de empregados, a empresa fica sucateada e pavimenta-se, assim, o caminho da privatização.
O objetivo dessa política de terra arrasada, a pretexto da busca de “eficiência”, é abrir mercado para os bancos privados. No caso da Caixa, especificamente, existe a meta de desligar pelo menos 10 mil trabalhadores Brasil afora, por meio de Planos de Apoio à Aposentadoria (PAA) e de Demissão Voluntária (PADV). A medida une-se ao risco de outras iniciativas igualmente destrutivas, como a retirada da gestão do FGTS, descomissionamentos arbitrários, o caixa minuto e o fechamento de agências.
Haverá, portanto, uma baixa significativa no já insuficiente quadro de pessoal, cujo número de trabalhadores caiu de quase 101 mil, em 2014, para menos de 95 mil no final do ano passado. Tanto o PAA quanto o PDV, não importando o nome vigente, representam menos empregados, condições de trabalho ainda mais precárias, pior qualidade no serviço prestado à população e aumento da pressão sobre o contingente que continuar atuando nas unidades.
Diante desse cenário de fortes e persistentes ameaças, é urgente a necessidade de fortalecimento da luta por contratações e contra o desmonte da Caixa 100% pública. Os empregados do banco e o conjunto da sociedade não devem acreditar nas mentiras veiculadas especialmente pela mídia, mas sim procurarem se organizar para dizer não à privatização da Caixa e ao retrocesso, e sim ao papel social da empresa e ao nosso futuro.
O que está em jogo é o destino de uma empresa que atua de maneira primordial como uma das mais importantes ferramentas de políticas públicas de que a sociedade brasileira dispõe. Nossa mobilização contra essa falsa reestruturação começa justamente nesta quinta-feira, 12 de janeiro, pelo Dia Nacional de Luta convocado pelas entidades representativas. Caberá a esse protesto articular um protagonismo social com vistas a acionar novos motores contra o desmanche de direitos sociais e contra a entrega do patrimônio público.
Resgatar a Caixa 100% pública é tarefa que empresta combate e esperança a 2017. A decisão tomada é de marcar o aniversário de 156 anos da Caixa com aquilo que os empregados fazem de melhor: mobilização, mobilização e mais mobilização, mirando-se em novos e maiores desafios.
A Fenae e as Apcefs parabenizam a Caixa e a todos os seus empregados por mais essa data histórica. O tempo não para. Que venham outros 156 anos, tendo claro que a resposta contra as ideias da força é única e exclusivamente a força das ideias, lição ensinada pelo sociólogo e ensaísta Florestan Fernandes (1920-1995), fundador da Sociologia Crítica no Brasil.
Diretoria da Fenae