Folha de São Paulo
Tássia Kastner
Até então, era preciso ter uma conta-corrente no BB para pedir um cartão —as exceções eram os plásticos de parcerias, como Saraiva, BR Distribuidora e Smiles.
"Sempre foi normal priorizar a venda de novos produtos para quem tem conta-corrente. Tenho o cadastro, observo o comportamento ao longo dos anos e isso nos permite assumir menos riscos", explica Rogério Panca, diretor de cartões do Banco do Brasil.
Para não pagar a anuidade, o usuário do cartão precisará gastar ao menos R$ 100 por mês nele, mesma exigência feita pelo Santander.
No caso do Nubank, no entanto, a tarifa é isenta (veja quadro). Não há programa de pontos nesse cartão.
O BB já tem uma forte participação nesse segmento. Contabiliza 60 milhões de correntistas e 20 milhões de cartões de crédito ativos, com pelo menos uma compra realizada por essa forma de pagamento no último mês.
Mas as necessidades dos clientes mudaram, houve a entrada de novos concorrentes no mercado e bancos se viram obrigados a mudar estratégias. Segundo Panca, a decisão de ampliar o universo de clientes foi tomada no ano passado, quando o banco desenhou seu plano estratégico até 2022.
"No passado, a inclusão bancária passava por ter uma conta-corrente. Hoje, é ter uma conta de pagamento e um cartão de crédito", afirma.
Nesta semana, o Nubank, maior representante de fintechs no país, anunciou que passaria a oferecer sua conta digital isenta de tarifas ao público geral. Na fase de testes, iniciada em outubro, ela tinha 1,5 milhão de clientes. O cartão de crédito foi pedido por 16 milhões de pessoas e é utilizado por 4 milhões.
O Nubank passa a disputar mercado justamente com os dois serviços que o BB descreve como os mais importantes nessa nova etapa. O Banco do Brasil também oferece conta de pagamentos aberta pelo celular. Outros bancos também têm esse serviço.
"Da mesma maneira que a gente viu muita mudança no setor com o lançamento do nosso cartão, a gente espera com a conta ver um movimento semelhante", diz Cristina Junqueira, cofundadora e vice-presidente do Nubank.
A disputa ganhará um componente adicional a partir de 1º de julho, quando entram em vigor as regras para a portabilidade de salário para contas de pagamento.
Na prática, vai facilitar a saída de correntistas insatisfeitos e diminuir a fidelidade de clientes aos bancos.