Os sindicatos dos bancários da região Centro-Norte realizaram, na manhã desta quarta-feira, 20, um dia de luta contra a precarização do trabalho, reestruturação sem processo de negociação, fechamento de agências, demissões, sobrecarga de trabalho causando adoecimento da categoria. Em Campo Grande, os protestos ocorreram em frente às agências bancárias do Bradesco e do Itaú, na Rua Marechal Rondon. Os dirigentes sindicais do Sindicato dos Bancários de Campo Grande-MS e Região entregaram informativo aos clientes a real situação dos bancos e dos bancários. Clique aqui e acesse o jornal.
Itaú, Bradesco e Santander, os maiores bancos privados do Brasil, estão promovendo reestruturações e, com isso, estão fechando agências e demitindo bancários em ritmo acelerado.
“Os bancos estão jogando a população para o sistema virtual, para que você mesmo seja um agente do banco, com isso, o cliente acaba fazendo todas as transações e não tendo ninguém para ajudar ou atender presencialmente dentro das agências”, alerta a presidente do SEEBCG-MS, Neide Rodrigues.
Além disso, os bancários que permanecem nos bancos sofrem com a sobrecarga de trabalho, por conta do modelo de gestão baseado na cobrança de metas abusivas e inatingíveis. O resultado é o adoecimento físico e mental cada vez maior na categoria.
“Os bancários estão adoecendo por conta dessas metas impostas pelo sistema financeiro. Não somos contra as metas. Somos contra a forma que são impostas de maneira abusiva, adoecendo os bancários. Por isso, estamos aqui fazendo esse alerta e conscientização. Muitos não percebem que estão doentes e, quando entendem a situação da sua saúde, o banco acaba demitindo. Por isso, o alerta é: se eu não estou bem comigo mesmo, que eu me trate antes de adoecer”, destaca Neide Rodrigues.
O Itaú obteve lucro líquido de R$ 35,6 bilhões em 2023, aumento de 15,7%, mas continua demitindo bancários, fechando agências e impondo sobrecarga de trabalho e adoecimento aos funcionários.
“Esses cortes acabam sobrecarregando os funcionários que precisam dar conta de atender os clientes, vender produtos e cumprir as metas, vivendo sob uma pressão que pode deixá-los doentes, afastados e com medo de serem demitidos”, ressalta a secretária de Administração do sindicato e bancária do Itaú, Patrícia Soares.
A reestruturação anunciada pelo Bradesco, em fevereiro, não teve qualquer negociação prévia com o movimento sindical. O Bradesco obteve lucro líquido de R$ 16,3 bilhões em 2023, mas fechou 419 agências, postos de atendimento e unidades de negócios, além de fechar 2.159 postos de trabalho em doze meses.
Na agência do Bradesco, os dirigentes sindicais conversaram com os bancários, explicaram o andamento da negociação com o banco e se colocaram à disposição para denúncias sobre pressão e assédio moral.
“O Bradesco tem uma clientela diferente dos outros bancos, ele atende muitos aposentados que não sabem mexer em aplicativo e precisam vir até a agência para realizar suas atividades, além das e diversas folhas de pagamentos de empresas públicas e privadas. Com isso, sobrecarrega o funcionário que permanece na agência”, afirma o secretário de Finanças do SEEBCG-MS e representante da Fetec-CUT/CN na COE Bradesco, José dos Santos Brito.
O membro da COE ainda denuncia que o Bradesco está terceirizando o atendimento bancário. “O Bradesco está precarizando o serviço bancário, mandando uma empresa terceirizada fazer o serviço de bancário e os funcionários, que estão nessa unidade de atendimento, não são bancários, burlando a nossa convenção coletiva. Isso mostra que o banco prioriza seus resultados bilionários. Nenhuma empresa no Brasil tem lucros tão altos como os bancos privados e públicos, em contrapartida, essas instituições estão demitindo e fechando agências”, enfatiza Brito.
No banco espanhol, a reestruturação também foi imposta, sem qualquer negociação, deixando os funcionários assustados e preocupados. Alguns bancários das agências foram obrigados a trabalhar na rua, sem estrutura e correndo os riscos de segurança, e os que permanecem nas unidades estão enfrentando a sobrecarga e o acúmulo de trabalho.
O Santander obteve lucro de R$ 9,383 bilhões em 2023.