A 12ª Conferência Estadual dos Trabalhadores e Trabalhadoras em Instituições Financeiras do Rio Grande do Sul, realizada no último sábado, dia 26, aprovou as propostas dos gaúchos para a Campanha Nacional dos Bancários 2010. O encontro aconteceu no auditório do Hotel Embaixador, no centro de Porto Alegre, e, apesar da chuva, contou com mais de 500 participantes.
Após abertura, houve painéis sobre sistema financeiro, com a palestra do professor da PCU-SP e assessor da Contraf-CUT, economista Carlos Eduardo Carvalho, e conjuntura econômica, com a exposição do técnico do Dieese, economista Ricardo Franzoi. À tarde, aconteceu ainda o painel sobre previdência, com a participação do senador Paulo Paim (PT-RS).
Os participantes discutiram o temário apresentado pelo Comando Nacional, coordenado pela Contraf-CUT, focando remuneração, emprego, saúde do trabalhador e segurança bancária, e sistema financeiro. Na plenária, as propostas divergentes foram discutidas e votadas e, ao final, foram eleitos 36 delegados e delegadas que representarão o Estado na 12ª Conferência Nacional dos Bancários, que ocorrerá nos dia 23, 24 e 25 de julho, no Rio de Janeiro.
Propostas aprovadas
Em relação ao índice de reajuste, a maioria aprovou a proposta de reivindicação de 20% sobre todas as verbas de natureza salarial. Na justificativa foi destacado que o índice contempla o momento econômico, político e social do país. No cálculo foram considerados os seguintes critérios: lucratividade média dos seis maiores bancos do país; projeção da inflação até agosto de 2010 e o resíduo inflacionário do acordo de 2003, que de acordo com o INPC foi de 4,37%.
A estratégia de campanha aprovada pela Conferência Estadual propõe a reafirmação da campanha salarial unificada em 2010, com manutenção das mesas de negociações específicas nos bancos públicos, concomitantes à mesa da Fenaban. Os bancᄀrios gaúchos também propõem um calendário de mobilização nacional geral e específico, respeitando a mobilização dos bancos públicos em todos os estados.
A maioria dos participantes também se posicionou contra a contratação da remuneração variável, alegando os problemas das metas abusivas e do adoecimento de muitos trabalhadores.
Outra proposta da 12ª Conferência Estadual prevê a entrega da minuta de reivindicações aos banqueiros ainda no mês de agosto. O objetivo é construir um calendário de mobilizações para o mês de setembro, data-base dos trabalhadores em instituições financeiras. Em caso de negociações frustradas com os banqueiros, a estratégia aprovada aponta mobilização para a greve em setembro de 2010.
Quanto à segurança bancária, foram aprovadas duas novas propostas. A primeira é a formação de grupos de trabalho em todo país, no âmbito das Secretarias de Segurança Pública, a exemplo do RS, para discutir os problemas de insegurança nos bancos.
A outra é a inclusão na minuta de reivindicações da proposta de isenção das tarifas de transferências de dinheiro, como DOC e TED, visando reduzir a circulação de numerário. Trata-se de mais uma medida para prevenir os crimes de "saidinha de banco" junto com a ampliação dos equipamentos de segurança dos estabelecimentos, como porta com detector de metais antes do autoatendimento, câmeras de filmagem em tempo reaal fora do local controlado, vidros blindados nas fachadas e divisórias opacas na bateria de caixas e entre os caixas eletrônicos.
Unidade e mobilização
Os desafios da Campanha Nacional 2010 estão lançados. Na abertura oficial da 12ª Conferência Estadual, dirigentes da Fetrafi-RS, Sindicato dos Bancários de Porto Alegre (SindBancários), Contraf-CUT e Contec destacaram os temas que irão nortear os debates.
O presidente do SindBancários, Juberlei Baes Bacelo, salientou que a Conferência é um momento de reflexão e de definição de propostas concretas para o desenvolvimento de uma grande campanha salarial. Ele disse que a campanha salarial terá grandes objetivos a atingir, tanto econômicos quanto relacionados à condições de trabalho. Outro ponto salientado foi a importância dos bancos públicos. "Não podemos permitir que os bancos públicos se transformem em meros bancos de mercado, a serviço do desenvolvimento social e econômico do país."
O diretor do SindBancários e da Contraf-CUT, Paulo Roberto Stekel, ressaltou a necessidade de planejar para que a estratégia dos bancários dê certo em 2010. Ele frisou o crescimento da economia brasileira e o aumento dos lucros dos bancos, que não foram impactados pela crise mundial. "Os banqueiros têm condições de nos dar muito mais do que foi obtido nas últimas campanhas", disse.
A diretora da Fetrafi-RS, Denise Corrêa, chamou a atenção para os problemas relacionados à igualdade dentro dos bancos. "Se a categoria é uma só, precisamos pensar em inserir a transversalidade nesta campanha salarial. Temas como raça, gênero, e orientação sexual devem estar presentes em todas as discussões. Esse recorte é muito importante para contemplar uma grande parcela dos trabalhadores e trabalhadoras das instituições financeiras".
O diretor da Fetrafi-RS e representante da Contec, Luiz Carlos Barbosa, falou da importância da unidade da categoria para garantir avanços na Campanha Salarial 2010. "O nosso inimigo é um só e está do lado de lá. Trabalhando em conjunto vamos atingir nossas metas e garantir avanços à Convenção Coletiva de Trabalho dos Bancários.
A abertura da Conferência foi encerrada pelo secretário-geral da Contraf-CUT, Marcel Barros, que defendeu a unidade e a mobilização da categoria. "Estamos entrando numa campanha salarial contra um dos setores mais ricos e poderosos do país. Gostaria de salientar o papel da Contraf-CUT na organização da campanha. Preparamos uma cartilha, que foi encaminhada aos sindicatos e federações de todo o país para subsidiar as discussões com os bancários. Os delegados eleitos terão uma responsabilidade muito grande, de contribuir para definição da minuta de reivindicações que será entregue aos bancos", apontou.
Fonte: Contraf-CUT com Fetrafi-RS