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4 de Setembro de 2024 às 16:10

Bancários e Bancárias em alerta. Dia da Amazônia é dia de luta


Rodrigo Britto

Os efeitos nefastos das mudanças climáticas sentidos nos últimos meses, com a repetição de violentas enchentes e deslizamentos de encostas na Região Sul do Brasil ocorrendo quase que em paralelo com secas históricas nos maiores rios amazônicos, começam a assustar o conjunto da sociedade brasileira.

Nas últimas semanas chamou atenção a fumaça que cobre as cidades da Amazônia e se propaga para regiões distantes, com enorme degradação das condições do ar e consequências terríveis sobre a saúde da população.

É importante reconhecer os esforços do governo federal no tocante ao combate ao banditismo ambiental que tomou conta da Amazônia nos últimos anos, com invasão de terras indígenas, destruição de unidades de conservação, contaminação de rios por mercúrio e morte de ativistas ambientais e lideranças comunitárias e sindicais.

Entretanto, na condição de representante dos trabalhadores e trabalhadoras em instituições de crédito instaladas em seis dos nove estados da Amazônia Brasileira, a Federação dos Bancários dos Trabalhadores em Empresas de Crédito (Fetec-CUT/CN) vem neste dia manifestar o seguinte:

1- É preciso rever o modelo de desenvolvimento insustentável predominante na região, baseado na pecuária, na extração madeireira e na mineração ilegal, que já provocou a destruição de mais de 60 milhões de hectares de florestas nos últimos 40 anos;

2- Os bancos precisam rever suas políticas de financiamento de forma a realmente priorizarem os negócios voltados para a bioeconomia e para a restauração florestal, viabilizando o acesso a crédito de empreendimentos individuais e coletivos protagonizados por agricultores familiares, extrativistas e agroextrativistas;

3- É fundamental que os bancos ampliem sua capilaridade no território amazônico de forma a atender com serviços bancários os enormes contingentes populacionais hoje excluídos de qualquer atendimento;

4- Os bancos com atuação na Amazônia precisam rever suas estruturas internas de forma a viabilizar o atendimento aos interessados nas linhas de crédito do Pronaf, revertendo os baixos índices de aplicação dessas modalidades na região.

Enfim, reiteramos a necessidade de estarmos mobilizados para o ano de 2025 quando a cidade de Belém, no Pará, sediará a Conferência das Nações Unidas para as Mudanças Climáticas – COP 30.  A nossa Federação permanecerá alinhada com todas as instituições sindicais e da sociedade civil na luta por um modelo de desenvolvimento capaz de reduzir os índices de desigualdade social da região, combater a violência e a criminalidade crescentes e preservar os seus diferentes ecossistemas do Bioma Amazônico e suas populações tradicionais.

 

Rodrigo Britto é presidente da Fetec-CUT/CN


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