A luta dos trabalhadores do sistema financeiros dos Estados Unidos ganhou força com a Campanha de Organização dos Bancários Americanos, coordenada pela UNI Finanças, que é presidida pela dirigente brasileira, Rita Berlofa, do Sindicato dos Bancários de São Paulo. Reunida em Washington com os vice-presidentes regionais das Américas, África, Europa e Ásia-Pacífico, nesta quinta-feira (9), a UNI Finanças discutiu como dar maior alcance mundial à mobilização contra as práticas antissindicais nos EUA.
A Contraf-CUT está entre as entidades que fazem parte do Committee for Better Banks (CBB) – Comitê por Melhores Bancos- uma coalizão de trabalhadores do setor bancário, organizações comunitárias, sindicatos americanos e internacionais que também reúne: CWA (EUA), Seeb-SP (Brasil), La Bancaria (Argentina) e CC.OO. (Espanha).
A campanha foi dividida em duas frentes. A primeira tem como objetivo alcançar o reconhecimento dos sindicatos e negociações coletivas no setor bancário, trabalhando em parceria com sindicatos de trabalhadores de outros países.
A segunda é construir uma organização nacional dos trabalhadores bancários nos Estados Unidos, incluindo as demandas dos trabalhadores bancários e as demandas das comunidades, em níveis local, estatal e nacional.
Atualmente há comitês de trabalhadores em várias cidades incluindo Boston, Providence, Newark, Orlando, Saint Lois, Minneapolis, Kansas City, Dallas e Los Angeles.
A Contraf-CUT atua na cidade de Orlando, onde há um Service Center do Banco do Brasil, e nacionalmente participa da campanha junto com a CWA.
O Banco do Brasil é peça fundamental no projeto e que desde 2011, um acordo marco, liderado pela Contraf-CUT e assinado com o banco, garante a livre organização do trabalho, a sindicalização e diretos fundamentais aos funcionários do BB.
“Os norte-americanos representam um terço dos trabalhadores do sistema financeiro no mundo, mas não conseguem se manter somente com o salário e precisam de ajuda do governo para sobreviver, uma espécie de bolsa-família. A falta de legislação trabalhista nacional prejudica a organização dos trabalhadores. As leis são locais e as empresas barram a ação sindical”, explica o secretário de Relações Internacionais, Mario Raia, que participa do encontro nos Estados Unidos.
Audiência
O encontro nos EUA também conta audiências com membros do Congresso Americano e com órgãos reguladores. O tema das audiências é o impacto das metas abusivas sobre os trabalhadores e clientes dos bancos, no qual bancários americanos mostrarão exemplos do que ocorre nas agências, centros de empréstimo e call centers de diferentes bancos.
Os sindicalistas também participam de reuniões os órgãos reguladores Consumer Financial Protection Bureau, Office of the Controller of the Currency, entre outros.
Ao final do encontro todos se reunirão para uma avaliação conjunta das atividades e resultados das discussões. Neste sábado (11) haverá reuniões para treinamento e planejamento sobre os próximos passos da campanha.
Fórum Global
A UNI Finanças participa, de 24 a 26 de outubro, do Fórum Global sobre Teletrabalho da OIT (Organização Internacional do Trabalho), em Genebra, na Suíça. A estimativa da OIT é que cerca de 30% dos trabalhadores percam seus empregos para a digitalização, em até oito anos. O setor financeiro é um dos mais afetados, só no Brasil As transações pelos canais digitais (internet e mobile banking) ultrapassaram mais de 50% do total, em relação a outras modalidades.
“Como podemos ter diálogo com as companhias para mantermos empregos?”, indaga Mário Raia. “Não somente sobre bancários, mas trabalhadores em geral e consumidores, são alvos das exclusão digital, que precisa ser amplamente debatida”, reforça o secretário da Contraf-CUT.
Impactos de Basiléia III sobre o Setor Financeiro
Michael Budolfsen, vice-presidente pela região Europa, apresentou uma proposta sobre os debates da Basiléia III, conjunto de propostas de reforma mundial da regulamentação bancária.
A ideia é construir um relatório mundial sobre problemas dos impactos de Basiléia III nos respectivos países, principalmente sobre as pequenas instituições que atendem comunidades locais. Apresentar propostas para influenciar o Comitê de Basiléia, com recomendações dos trabalhadores.
Michael Budolfsen também destacou que “ é preciso unir forças, e nenhuma organização no mundo pode dar esta contribuição, como a UNI Finanças. Os bancos podem ter bons resultados, mas os trabalhadores também têm que ter bons resultados”, ressaltou.
Os dirigentes sindicais devem apresentar seus relatórios até setembro.
Comunicação e Agenda
Foram discutidas propostas de como ampliar a comunicação e desenvolver estratégias comuns para ampliar o alcance das informações debatidas na UNI. Será feita uma pesquisa com os afiliados, baseado em um formulário comum, preparado pela UNI Finanças e pela UNI Apro (Ásia-Pacífico), com contribuições das demais regiões.