Escrito por: Fetec-CUT/CN com André Accarini, Érica Aragão, Luiz Carvalho e Vanessa Ramos - CUT
Nas redes sociais, a hashtag #EsseImpeachmentÉGolpe tomou conta do twitter e do facebook, demonstrando claramente o poder de mobilização da classe trabalhadora e da sociedade que defende a democracia. Não ao golpe. Fora Cunha. Palavras de ordem que ecoaram também nas ruas de várias cidades do Brasil.
A Avenida Paulista ficou tomada por uma multidão - 100 mil pessoas – protestando contra a tentativa – contra o atentado, na verdade, feito à democracia brasileira. Pessoas que têm consciência de que mudanças precisam acontecer sim, mas um impeachment orquestrado não é o caminho. Pelo contrário, é a porta de entrada para que o país mergulhe num período de ataques aos direitos dos trabalhadores, aos direitos do cidadãos.
“Os trabalhadores deram mais uma grande demonstração de seu apreço pela democracia com as grandes manifestações em todo o país. E deram um recado claro de que não permitirão o golpe que está sendo articulado pelas forças reacionárias, que querem aniquilar as conquistas sociais e econômicas dos últimos anos e impor uma política de retirada de direitos trabalhistas. Estão particularmente de parabéns os bancários da região Centro Norte, que tiveram participação fundamental na organização dos atos desta quarta-feira, que mobilizaram aproximadamente 40 mil pessoas na região Centro Norte”, avalia José Avelino, presidente da Federação do Centro Norte (Fetec-CUT/CN).
Veja algumas imagens dos atos realizados na Região Centro Norte:
Brasília - Mais de 20 mil foram as ruas pela democracia contra o golpe
Campo Grande MS - Mais de mil pessoas encheram a Praça Ary Coelho pra dizer "Não ao Golpe"
Rio Branco AC - Praça ficou pequena para mais de cinco mil pessoas dizendo "Fora Cunha, não vai ter golpe e Fica Dilma"
Macapá AP - Ato na Praça da Bandeira, no Centro de Macapá, contou com cerca de mil pessoas
Belém PA - Cerca de dez mil pessoas participam da mobilização que tomou as ruas de Belém PA
As manifestações foram organizadas, dentre outros movimentos, pelas centrais sindicais CUT, CTB e Intersindical, e por MST (Movimento dos Sem Terra), MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto), UNE (União Nacional dos Estudantes), Coordenação Nacional de Entidades Negras (Conen) e Coordenação dos Movimentos Populares (CMP).
A CUT, centrais e movimentos sociais se organizaram para defender, em primeiro lugar, esse conceito de democracia. E quando se fala em golpe, o significado é simples: segundo os mais renomados juristas do Brasil, não há base jurídica para que um impeachment transcorra. Contra Dilma Rousseff, não há nenhuma acusação de crime.
O presidente da CUT Nacional, Vagner Freitas reforçou a contrariedade dos movimentos diante do golpe de Eduardo Cunha (PMDB-RJ), do PSDB e, segundo o dirigente, de quem perdeu a eleição e não aceita o resultado popular. "Estamos aqui para pedir o ‘Fora Cunha’, que é uma excrescência, um desqualificado na presidência da Câmara dos Deputados, e para pedir o fim do ajuste fiscal e a mudança da política econômica.O golpista que quer tirar Dilma, é o mesmo que quer rasgar a CLT, acabar com a previdência por tempo de serviço, é o mesmo que não tolera o direito dos negros e das mulheres. Somos contra o impeachment, mas nosso cheque não é em branco, queremos a Dilma que nós elegemos", disse.
O presidente da CTB, Adilson Araújo, lembrou também que aqueles que arquitetam o impeachment hoje em dia são os mesmos que, no passado, se curvaram aos interesses econômicos de países como os Estados Unidos. Os mesmos que entregaram o patrimônio brasileiro ao capital privado. E que hoje, lembra, falam em corrupção.
Para o presidente da CUT São Paulo, Douglas Izzo, a resistência é a resposta da sociedade organizada e de trabalhadores e de trabalhadoras contra o golpismo. "Permanecemos nas ruas porque existe um setor que não aceita a decisão das urnas. O que está sendo feito pela oposição no Brasil não se trata de um movimento democrático de impeachment, se trata de não reconhecer a vitória de Dilma, sobre a qual nenhum crime pesa. A elite brasileira não aceita as mudanças que ocorreram no Brasil", avaliou.
Do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Gilmar Mauro apontou como um caminho importante a politização da sociedade e o trabalho de base. "Espero que seja definitivo colocar uma pá de cal neste impeachment. O povo brasileiro tem outra pauta pra discutir, a de reformas estruturais. De não retrocesso dos direitos sociais conquistados."
Em referência ao grupos que saíram às ruas no último domingo (13), o coordenador nacional do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST), Guilherme Boulos, comemorou o tamanho da marcha. "A gente não precisa botar pato (em referência à campanha da Fiesp - Federação das Indústrias de São Paulo) pra encher a Avenida Paulista. Aqui a gente enche com o povo. É bom lembrar que impeachment é também fruto da hipocrisia do PSDB. Afinal, quem é o senhor Fernando Henrique Cardoso para falar de pedalada fiscal?",questionou.
Mobilizações não terminam por aqui
Os atos foram organizados em várias cidades. Em Brasília, a concentração começou no fim da tarde e reuniu milhares no estádio Mané Garrincha. Mais cedo, porém, com a Constituição Cidadã nas mãos e o grito de “não vai ter golpe”, deputadas, senadoras e mulheres dos movimentos sindical e sociais reuniram-se no Salão Verde da Câmara dos Deputados para apresentar mais uma frente de resistência ao golpe contra a presidenta Dilma Rousseff.
As parlamentares do PT, PCdoB, PR e PDT se uniram a lideranças de organizações como a CUT, Marcha Mundial de Mulheres e a Marcha das Mulheres Negras para falar sobre a ausência de provas para um impeachment de Dilma e sobre os retrocessos que tomaram conta do Congresso com Eduardo Cunha à frente da Câmara.
Algumas entidades, como a Marcha Mundial de Mulheres, não puderam participar da atividade porque, como acontece desde o início da gestão Cunha, foram barradas na porta da Casa. Isso, porém, não impediu de deixar claro que a vida dos golpistas não será nada fácil.
As manifestações dessa quarta-feira superaram em número de participantes as do último domingo e confirmam que o povo brasileiro não quer a quebra da ordem democrática no Brasil.
As mobilizações contra o golpe, em defesa da democracia, prosseguirão até que o processo de impeachment seja definitivamente enterrado.