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27 de Abril de 2016 às 08:44

Trabalhadores das Américas reforçam unidade pela democracia

Abertura do 3º Congresso da Confederação Sindical das Américas ressalta necessidade de atuação conjunta da classe trabalhadora internacional contra impeachment de Dilma


Crédito: Roberto Parizotti
Vagner Freitas durante abertura do Congresso da CSA

Escrito por: Luiz Carvalho - CUT

O 3º Congresso da Confederação Sindical dos Trabalhadores das Américas (CSA) começou na noite dessa terça-feira (26), em São Paulo, com um recado aos golpistas: a classe trabalhadora internacional também está preparada para defender a democracia.

No discurso que finalizou a abertura oficial do encontro, o presidente da CSA, Hassan Youssuf, apontou que o mundo assiste a uma afronto ao regime democrático.

“Estamos vendo uma tentativa de golpe de estado contra a presidenta eleita neste país e nós da CSA estamos juntos dos compatriotas para defender essa democracia. Não podemos permitir volta ao passado e sabemos que a vida do trabalhador será a mais afetada se instalarem marionetes no lugar do atual governo. Não vamos apoiar esse golpe”, afirmou.

A intervenção não poderia ser diferente em um congresso que tem como tema “Mais democracia, mais direitos e mais e melhores empregos”, todos os pontos na mira dos golpistas que querem tomar um atalho para assumir o país sem passar pelo crivo das eleições.

Presidente Nacional da CUT, Vagner Freitas, ressaltou que, se não houver condições de manter a democracia aqui, o mundo inteiro sucumbirá à pressão do capitalismo.

“Além de retirar direitos, o capitalismo também resolveu que não quer mais conviver com a democracia. Agora, o capitalismo mundial entendeu que não é mais necessária organização social democrática, partidos, Congresso, participação da sociedade. E definiu que somente a lei de mercado é suficiente para estabelecer as regras”, apontou.

Durante intervenção em que agradeceu a solidariedade internacional, especialmente o empenho da CSA e da CSI (Confederação Sindical Internacional) contra os ataques à democracia, Vagner reforçou a necessidade de denunciar o ataque à democracia.

“Esses senhores (golpistas) não suportam a ideia de que ousamos criar o BRICS, que enfrentam a ordem econômica e diz que o dólar não vai controlar o mundo todo e que teremos outro banco diferente do FMI e do Banco Mundial. Ousamos achar que o mundo não é só G7 e que pode ser construído por outras nações. Não suportam a ideia de trabalhadores terem salários mais dignos no Brasil. Por isso há tentativa de golpe no Brasil e ouve no Paraguai, porque acreditamos que novo mundo é possível”, definiu.

Apesar desse cenário, o presidente da Central apontou que a resistência permanece firme. “Não tenham dúvida, golpistas, vamos derrotar o golpe nas ruas com a mobilização dos movimentos sociais.”

Outras frentes no Brasil – Além da CUT, representantes da UGT e da Força Sindical também demonstraram que a submissão de setores do sindicalismo a um governo sem voto não é geral.

“Faço parte de um pensamento da central que acredita na ideia de que retirar mandato da presidenta sem crime de responsabilidade é ataque à democracia. Por isso sou contra”, defendeu o Primeiro Secretário da Força Sindical, Sérgio Leite.

A adesão de setores do sindicalismo ao golpismo também rendeu críticas do presidente da CSI, João Felício. “Não consigo conceber sindicalista participar de golpe. No Brasil, todas as organizações patronais estão apoiando o golpe, então, é uma contradição sentar do mesmo lado que eles. Não me vejo ao lado dos empresários para provocar uma ruptura prejudicial aos próprios trabalhadores. Isso é inaceitável, a não ser que o objetivo do dirigente sindical seja outro que não representar sua base”, disse.

Pelos acertos

Secretário Municipal do Desenvolvimento, Trabalho e Empreendedorismo da Cidade de São Paulo, Artur Henrique, também atacou quem promove a pedalada contra a democracia apoiada justamente nos acertos e não nos erros do governo.

“É fundamental olharmos para o mote desse congresso e lembrarmos que o golpe em curso vai trazer menos democracia, menos direitos e menos empregos. Quem apoia o golpe são setores que querem inserir cadeias globais de valor com mera exportação da matéria prima e mão de obra barata. São setores que querem continuar concentrando a mídia brasileira na mão de sete grandes famílias que controlam tudo que se ouve, vê e escreve no Brasil, que querem  diminuir direitos das mulheres, dos negros e da população LGBT. Não querem só tirar Dilma, mas acabar com projeto político que está transformando o país”, avaliou.

Visão idêntica a do ministro do Trabalho e Previdência Social, Miguel Rossetto, que lembrou de conquistas como a política de valorização permanente do salário mínimo, a regulamentação do trabalho doméstico, a criação de 21 milhões de postos de trabalho decentes e qualificados criados a partir do governo Lula e os programas de moradia e inclusão nas universidades.

“A democracia que ousa distribuir renda e poder político não interessa para a elite opressora. É um golpe político contra um programa e um governo democraticamente eleito. Por eles, estamos decididos a continuar lutando”, concluiu.


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