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1 de Outubro de 2015 às 08:42

Taxa de desemprego se mantém estável, mas com tendência ascendente

Segundo Pesquisa de Emprego e Desemprego, número de desempregados na Região Metropolitana de SP ficou em 1,537 milhão, 23 mil a mais do que no mês passado


Por Eduardo Maretti, da RBA

São Paulo – Apesar da taxa de desemprego na Região Metropolitana de São Paulo (RMSP) ter ficado relativamente estável – com oscilação de 13,7%, em julho, para 13,9% em agosto –, a Pesquisa de Emprego e Desemprego, divulgada hoje (30) pelo Dieese e pela Fundação Seade, não é boa para o trabalhador, considerando inclusive a conjuntura político-econômica. Em agosto do ano passado, os desempregados eram 11,3%.

O número de desempregados na região ficou em 1,537 milhão, diz a pesquisa, ou 23 mil pessoas a mais do que em julho.

“Os resultados não são bons porque vêm numa tendência de decréscimo no nível de ocupação durante o ano. No mês, o resultado ficou estável, mas com movimento ascendente”, diz Alexandre Loloian, coordenador da PED e técnico da Fundação Seade.

Segundo as estimativas, o número de ocupados na Região Metropolitana de São Paulo caiu de 9,535 milhões para 9,517 milhões de julho para agosto de 2015. Em agosto de 2014 os ocupados eram 9,773 milhões, permanecendo “relativamente estável” (-0,2%).

Segundo Loloian, o rendimento dos ocupados, que vinha garantindo nos últimos anos a âncora do nível de atividade, vem caindo muito fortemente. “Pelas minhas contas, comparando o poder de compra dos rendimentos dos ocupados da Região Metropolitana de São Paulo de janeiro a julho de 2014 com janeiro a julho de 2015, tivemos perda de mais ou menos R$ 10 bilhões nesse poder de compra. É muita coisa, considerando que a inflação é de 8 a 9% e isso desgasta ainda mais o poder de compra dos salários.”

A pesquisa mostra que na comparação de agosto com julho houve reduções na indústria de transformação (-2,7%, com eliminação de 41 mil postos de trabalho), na construção (-1,6%, -11 mil) e nos serviços (-0,5%, -30 mil), “praticamente compensadas pelo aumento no comércio e reparação de veículos automotores e motocicletas (4,3%, ou geração de 73 mil postos de trabalho)”, diz a pesquisa.

Entre junho e julho de 2015, os rendimentos médios reais de ocupados caíram 2,4% e dos assalariados, 1,6%.

Para o analista, a redução dos índices mostra o círculo vicioso de menos vendas, produtos em estoques, menos atividade e desemprego.

Até mesmo a desvalorização do real, vista como indicativa pelo menos de um fator positivo, o crescimento das exportações, é um dado que precisa ser analisado com cuidado. “A forte desvalorização do real é muito instável, as empresas não têm muita confiança na manutenção do valor do câmbio”, diz Loloian.

Para ele, é necessário uma desvalorização, mais ou menos no patamar em que já aconteceu, mas com garantias de estabilização. “Que varie, mas numa margem aceitável, não 10%, 20% como está ocorrendo.”

Diante da conjuntura de ajuste fiscal e a introdução de mudanças no padrão de financiamento do setor público com redução de gastos, o financiamento da atividade econômica pelos órgãos públicos também está momentaneamente descartada como fator de incentivo ao crescimento, observa Loloian.


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