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27 de Maio de 2020 às 14:05

Soma do lucro dos cinco maiores bancos do país chega a R$ 18 bi no primeiro trimestre

Valor obtido em três meses por estas cinco instituições é maior do que é investido pelo país durante o ano em atividades científicas


Os cinco maiores bancos do país (Banco do Brasil, Bradesco, Caixa, Itaú e Santander) lucraram juntos R$ 18 bilhões no 1º trimestre de 2020, segundo levantamento realizado pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). Apesar de representar uma queda média de 27,5% no comparativo com o mesmo período do ano passado, o lucro dos cinco maiores bancos nestes primeiros três meses do ano é maior do que o valor investido pelo Ministério de Ciência e Tecnologia em “atividades científicas e técnicas correlatas” durante os 12 meses de 2017. Naquele ano, os investimentos governamentais neste quesito foram de R$ 17 bi.

Atividades científicas e técnicas correlatas são aquelas relacionadas com a pesquisa e desenvolvimento experimental e que contribuem para a geração, difusão e aplicação do conhecimento científico e técnico.

“Se não soubéssemos que o Brasil é um dos países que proporcionam maiores lucros para os bancos, diríamos que é inconcebível a soma do lucro de cinco destas instituições em três meses ser maior do que o que o país investe durante um ano todo em atividades científicas. E isso é porque os bancos registraram queda nos lucros. Se não, a diferença seria ainda maior”, observou a presidenta da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), Juvandia Moreira. “A queda do lucro se deu principalmente pelo aumento do PDD (Provisão para Devedores Duvidosos)”, disse a dirigente da Contraf-CUT.

Ao se referir ao tamanho do lucro que os bancos obtém no Brasil, Juvandia ressaltou que o lucro obtido pelo banco Santander no território brasileiro representa 29% de todo o lucro obtido pelo banco em todo o mundo e que o ganho daqui é maior, inclusive do que o banco tem em seu país de origem, a Espanha.

Queda nos lucros

A maior queda foi no resultado do banco Itaú, -43,1% em doze meses, com R$ 3,9 bilhões de lucro; no Bradesco, a redução foi de 39,8% no período com R$ 3,75 bilhões. No Banco do Brasil, a queda chegou a 20,1%, com um lucro líquido de R$ 3,4 bilhões. Na Caixa, o lucro caiu 22,2%, pelos R$ 3 bilhões. Apenas o Santander teve crescimento do lucro de 10,6% na comparação com o ano anterior, com R$ 3,85 bilhões de lucro.

“Com a expectativa de crise em função da pandemia, os bancos aumentaram as despesas de PDD, contrariando resolução do Banco Central, que os liberava de reforços nas provisões das renegociações. Destaque no Itaú, que cresceu 161,5%. Somente a Caixa não aumentou. Se estavam desobrigados, por quê aumentaram?” questionou Juvandia.

Segundo a análise do Dieese, as despesas com PDD cresceram, em média, 43,2%, o que, em valores absolutos, chegou a R$ 9,2 bilhões. Dos cinco, apenas a Caixa atendeu a medida do Banco Central e, ao contrário dos demais, reduziu a PDD em 28,8%, ficando em R$ 2 bilhões no trimestre. Isso demonstra que os bancos estão muito apreensivos com relação à economia do país nos próximos meses.

“Deixaram os riscos apenas para os bancos públicos. Não topam ofertar crédito para clientes inadimplentes (que são os que mais precisam) mesmo tendo a cobertura de fundos públicos e mesmo sabendo que a PEC 10 autorizou compra posterior dos títulos podres, caso seja necessário. Apesar de todas as garantias, eles agem com cautela máxima o que é péssimo para a sociedade. Estão fazendo um monte de exigências e dificultando o crédito às pequenas e médias empresas, 49% das concessões feitas foram para as grandes empresas. Assim, o Brasil aprofunda o desemprego e a crise econômica,” apontou Juvandia.

Cabe reforçar que, as taxas de inadimplência atuais dessas instituições não justificam, ainda, esse reforço nas PDDs. As taxas para atrasos superiores a 90 dias estão relativamente baixas, pois, no 1º trimestre, elas ficaram entre 3% no Santander e 3,7% no Bradesco.

Emprego

Com relação ao emprego, os cinco bancos juntos fecharam 11.582 postos de trabalho, em doze meses. Foram 4.097 postos fechados no Itaú em doze meses, parte disso em função do PDV implementado pelo banco no segundo trimestre de 2019, que contou com 3,5 mil adesões, porém, no trimestre, o saldo foi positivo em 416 postos. De acordo com o relatório da instituição, esse saldo no trimestre se deve às contratações para a área de TI. No Santander, foram fechados 1.040 postos de trabalho no período, enquanto no Bradesco, o saldo, também, foi negativo, em 1.922 postos. O Banco do Brasil fechou 3.810 postos de trabalho, parte disso em função do PAQ (Programa de Adequação de Quadros) lançado em 29 de julho de 2019, que contou com o desligamento de 2.367 trabalhadores. A Caixa, por sua vez, fechou 713 postos no período, mas, com saldo positivo no trimestre de 47 postos.

Cabe ressaltar que os bancos firmaram um compromisso com o Comando Nacional dos Bancários de não demissão enquanto durar a pandemia e o estado de calamidade pública que se instaurou no país.

Rede de agências

Quanto à rede de agências, o Banco do Brasil fechou 378 unidades em doze meses, também em função do PAQ. No Itaú, foram fechadas 371 agências físicas no mesmo período (duas, no trimestre) e aberta apenas uma agência digital, as quais já somam 196 unidades. O Santander fechou 27 agências no período. O Bradesco, por sua vez, fechou 194 unidades e a Caixa Econômica, fechou três agências, em um ano. Os cinco bancos juntos fecharam 943 agências no país e, segundo o Dieese, a perspectiva diante da situação atual é que muitas não reabram depois do restabelecimento das atividades normais no país.

Em 2020, ao todo os bancos fecharam 283 agências, sendo 194 depois que começou a pandemia. “Mesmo numa pandemia onde as pessoas precisam ir aos bancos, eles fecham agências sem se preocupar se a população vai ficar desassistida ou ter mais dificuldade pra ir ao banco.” criticou a presidenta.

Leia a íntegra da análise do Dieese e veja os slides da apresentação dos resultados.


Fonte: Contraf-CUT


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