RBA
Gabriel Valery
São Paulo – Com o acréscimo de 31.553 novos casos oficialmente registrados de covid-19 nas últimas 24 horas, o Brasil superou, nesta quarta (7) a marca de 5 milhões de infectados pelo novo coronavírus. Os dados são fornecidos pelo Conselho Nacional dos Secretários de Saúde (Conass). No período, foram mais 734 mortos pela doença. Com isso, são 148.228 vítimas desde o início do surto no país, em março. O total de casos soma exatos 5.000.694 infectados.
Os números revelam que o cenário da pandemia no Brasil segue entre os piores do mundo. Em números totais, apenas os Estados Unidos contam mais vítimas do que o país latino-americano. Já em relação aos infectados, além dos norte-americanos, apenas a Índia supera o Brasil. O país asiático tem a população mais de seis vezes maior.
A pandemia de covid-19 é a maior crise sanitária da humanidade em mais de 100 anos, após a Gripe Espanhola de 1918. Entretanto, a gravidade do cenário não foi considerada por parte da classe política brasileira. Em especial o governo federal. O presidente, Jair Bolsonaro, desde o início do surto, minimizou a doença, negou a ciência e trabalhou contra as medidas de controle.
Contrariando indicações da ciência e da Organização Mundial da Saúde (OMS), o Brasil é um dos países do mundo que menos testa para a covid-19; menos de 9% da população passou por algum exame do tipo. O resultado é uma imensa subnotificação de casos e mortos.
As medidas mais intensivas de isolamento social são indicadas, prioritariamente, para que não houvesse colapsos em sistemas de saúde, como visto em Manaus. “Lockdown inicial é um passo importante pra reacomodar o sistema de saúde (como abrir novos leitos)”, explica o doutor em microbiologia e divulgador científico Atila Iamarino.
De fato, países como o Uruguai (2.117 casos e 49 mortes) não adotaram isolamentos obrigatórios tão intensivos e conseguiram controlar a doença. O bom resultado veio a partir do uso do bom sistema público de saúde para efetuar rastreio de contágios e isolamentos localizados. No Brasil, a grande estrutura do SUS poderia ter sido usada com a mesma finalidade, mas faltou coordenação do governo federal no combate à doença.
Atila afirma também que isolamentos radicais prolongados são insustentáveis, mesmo do ponto de vista da saúde pública e econômica. ” É como começar uma maratona com um sprint. A longo prazo, rastreio de contatos e fechamento pontual funcionam melhor. Não fazemos nenhum dos dois”, finalizou.