Brasília - A Comissão Executiva dos Empregados da Caixa (CEE/Caixa), que assessora a Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT) nas negociações com o banco, reafirmou durante a reunião da mesa permanente, nesta quinta-feira (2), a disposição de intensificar a luta contra o enfraquecimento da empresa e qualquer tentativa de privatizá-la. Para a CEE, a negociação indica que há, sim, a intenção de, no mínimo, abrir o capital.
“Vamos iniciar a mesa registrando que essa é a última antes do Conecef, encerrando um ciclo de debates sobre as pautas deliberadas no congresso de 2015. Diante do contexto político em que o país está, com a mudança na governabilidade desrespeitando estruturas democráticas e o voto popular, gostaríamos de registrar que não reconhecemos esse governo ilegítimo. Mas reafirmamos nosso compromisso com a mesa e reivindicamos transparência no processo de negociação”, declarou a coordenadora da CEE/Caixa, Fabiana Matheus.
O mesmo tom, em defesa da Caixa e contra a abertura de capital, marcou as manifestações de outros membros da comissão. “Já sofremos outras tentativas de privatização, a exemplo do que aconteceu no governo FHC, e nós resistimos. A mesa permanente é uma conquista da qual não podemos abrir mão”, disse Gilmar Aguirre, representante da Fetec/RS.
Os dirigentes sindicais protestaram contra as medidas que visam o desmonte da empresa. As informações repassadas pelos representantes do banco só reforçaram a preocupação das representações dos trabalhadores. Não há perspectiva de novas contratações. Além do enxugamento do quadro de pessoal, a Caixa informou que vai concluir a primeira onda da reestruturação, mas que não há nada definido em relação a outras etapas. Sobre alterações nas retaguardas, o banco se comprometeu a repassar informações detalhadas.
Outras medidas em curso podem agravar ainda mais as condições de trabalho. O banco não vai nomear novos caixas. Com isso, não haverá reposição dos trabalhadores em caso de vacância por aposentadoria ou promoção. Os caixas serão substituídos pelo caixa minuto, ou seja, outro empregado que é deslocado para exercer a atividade. “Isso é assustador e pior do que podíamos imaginar quando se falava em mudanças”, alerta Dionísio Reis, representante da Fetec/SP e diretor do Sindicato dos Bancários de São Paulo.
Os representantes do banco não souberam esclarecer porque o caixa minuo está sendo adotado. Fabiana Uehara, representante da Contraf-CUT na CEE/Caixa, lembra que não é a primeira vez eu esse modelo de gestão na retaguarda é adotado. “Tivemos esse mesmo debate no final dos anos 90, no momento que o banco estava sendo desmontado para ser vendido para o mercado”, citou. A comissão reivindicou que a empresa reveja sua posição.
Durante a reunião da mesa permanente, a Caixa fez uma explanação sobre o conceito de agência virtual que pretende implementar, inicialmente como projeto piloto na SR Sul de Goiás, Campinas, SR RJ Sul, SR Brasília Norte e SR Ipiranga. A alegação da empresa é de que esse tipo de unidade vai desonerar o volume de atendimento nas agências. Para os membros da CEE/Caixa, as agências virtuais podem acarretar o fechamento de unidades e a adoecimento de trabalhadores, como já ocorreu em outros bancos.
Mobilização
A Comissão Executiva dos Empregados orienta sindicatos e federações a se engajarem no Dia Nacional de Mobilização que será realizado na sexta-feira da próxima semana, 10 de junho, convocado pelas Frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo, contra o golpe e os retrocessos dos direitos dos trabalhadores. Nos atos realizados nos estados, a recomendação é que seja enfatizada a defesa da Caixa 100% Pública e pelo fortalecimento da empresa.