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18 de Novembro de 2015 às 05:00

Racismo do setor financeiro foi o destaque seminário das mulheres negras trabalhadoras

Debate no segundo dia do evento apontou que desafio no setor bancário é a superar discriminação racial no trabalho


Desafios e estímulos para a inclusão de negros no setor bancário foi a discussão central no segundo dia do seminário das mulheres negras trabalhadoras, no hotel Planalto Bittar, em Brasília. A atividade faz parte da abertura da Marcha das Mulheres Negras, marcada para esta quarta-feira (18), às 9h, no Ginásio Nilson Nelson, na capital federal.

Para o secretário de Combate ao Racismo da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), Almir Aguiar, há uma resistência forte na contratação de negros nos bancos. Mesmo com as dificuldades, ele afirma ainda que há discussão para implementação de cotas raciais. “Nós já tentamos há três anos colocar na convenção coletiva a questão das cotas na contratação de negros, mas tem uma resistência grande na Federação Nacional dos Bancos (Fenaban)”, afirmou.

O II Censo da Diversidade, divulgado pela Fenaban em 2014, mostrou que, dos 500 mil bancários que atuam no setor, somente 24,7% dos trabalhadores nos bancos brasileiros são negros. Deste percentual, apenas 3,4% se declararam pretos, nesta mesma pesquisa, nem aparece os dados da mulher negra.

Deste cenário, a maioria absoluta está invisível, trabalhando em funções internas que não atendem ao público e quando se trata da mulher negra, a situação ainda é mais preocupante. “No ano de 2013, conseguimos realizar o novo censo no qual ficou muito claro que a questão racial ainda é um problema na categoria. Inclusive, os que trabalham na área recebem, em média, salário 27% menor do que um trabalhador branco", concluiu o secretário.

Para a secretária nacional de Combate ao Racismo da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Maria Julia Nogueira, o fim da escravidão não significou a garantia de direitos pelos anos de trabalho forçado e, a partir daí, como os negros não tinham nada, após a abolição eles voltaram para as periferias das grandes cidades.

“Acabou a escravidão no Brasil no dia 14 de maio, os negros comemoraram e no dia seguinte não tinham absolutamente nada. Não tinham terra, não tinham emprego e nem salário porque os negros foram sequestrados na África e vieram em condições de escravos”, destacou.

Julia lembrou ainda que as conquistas de políticas públicas nos últimos anos só foram realizadas por pressão do movimento negro. “Ainda tem desigualdade entre negros e não negros, onde os negros recebem menos que os não negros. E quando se fala de mulher negra, é pior, sofre dupla discriminação. Quando a gente ver o número da terceirização essa população está entre os terceirizados”, explicou a dirigente.

Fonte: Contraf-CUT


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