Revista Fórum
Décadas depois de superada, a alta dos preços no governo Jair Bolsonaro está trazendo de volta a inflação, que afeta principalmente as famílias mais pobres, segundo a economista Maria Andreia Parente, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).
Concentrada em ítens básicos da alimentação, como arroz, feijão, carne, ovos, leite e farinha de trigo, a inflação acumulada no primeiro semestre do ano é de 1,15% em domicílios com renda familiar de até R$ 1.650,50, segundo levantamento feito pela economista, divulgado na edição desta segunda-feira (14) do jornal O Globo.
Entre as famílias com rendimento acima de R$ 16.509,66, o custo de vida ficou estável no período, com leve variação de 0,03%.
Segundo o estudo, os que os mais pobres compram ficou mais caro e o que os ricos mais consomem ficou mais barato.
O grupo alimentação e bebidas leva 25,8% dos recursos dos domicílios mais pobres. Nos de alta renda, essa proporção cai para menos da metade: 12,3%.
A alimentação no domicílio subiu, em média, 6,1% este ano. O arroz, por exemplo, subiu quase 20%. Já a educação privada, com descontos das escolas sem aulas presenciais, ficou 3,47% mais barata em agosto. Nos lares mais pobres, educação é 4,1% das despesas. Nas mais ricas, o dobro.
Alerta
A alta dos preços também está sendo sentida na construção civil. Aço, cimento e PVC são os principais focos de preocupação.
Segundo informações da coluna Painel, na Folha de S.Paulo, a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) vai apresentar nesta segunda-feira (14) à Secretaria de Advocacia da Concorrência e Competitividade um levantamento sobre a alta de custos na matéria-prima do setor.
Segundo a CBIC, 95% das construtoras do Brasil notaram uma inflação no preço do cimento desde março, quando foi decretado estado de calamidade pública no país por causa da Covid-19. Em São Paulo, 66% das empresas disseram que o aumento foi de até 10% e, 28%, acima de 10%.