Na mesma categoria, dos países emergentes, também está o México - que, no entanto, vai apresentar uma retração ainda maior que a do Brasil, de 6,6%. A economia da Rússia, segundo o FMI, deve cair em proporção semelhante à do Brasil: 5,5%.
O FMI diz que, apesar de ter se baseado em conversas com epidemiologistas e outros especialistas em saúde pública que trabalham com a covid-19, ainda há incerteza considerável em torno da própria pandemia, de suas consequências macroeconômicas e as tensões relacionadas a elas nos mercados financeiro e de commodities.
Recuperação em 2021
A recuperação do PIB do Brasil em 2021 também ficará aquém da média das economias emergentes.
Direito de imagem Amanda Perobelli/ReutersA previsão de crescimento para a economia brasileira em 2021 é de 2,9%, segundo o FMI. No mesmo período, a média de crescimento dos emergentes será de 6,6%.
Enquanto o México deve ter um crescimento de 3% em 2021, em patamar próximo ao do Brasil, a Rússia deve crescer 3,5%; a China, 9,2%; e a Índia, 7,4%.
O ritmo da economia brasileira, no entanto, já vinha abaixo de outros emergentes. No ano passado, enquanto a economia brasileira subiu apenas 1,1%, os emergentes cresceram, em média, 3,7%.
Medidas essenciais
O FMI aponta que medidas que ajudem a combater o vírus por meio do isolamento são essenciais.
"Quarentena, paralisações e distanciamento social são fundamentais para diminuir a transmissão, dando tempo ao sistema de saúde para lidar com o aumento da demanda por seus serviços e ganhando tempo para os pesquisadores tentarem desenvolver tratamentos e vacina. Essas medidas podem ajudar a evitar uma queda ainda mais grave e prolongada na atividade e preparar o cenário para a recuperação econômica."
Defende, ainda, que o aumento dos gastos com saúde é essencial para garantir que os sistemas de saúde tenham capacidade e recursos adequados para reagir a essa pandemia. Sugere também medidas específicas para profissionais de saúde que estão na linha de frente do combate à pandemia: diz que devem ser considerados, por exemplo, subsídios de educação para suas famílias.
O FMI aponta que, diferente de economias avançadas, os países emergentes e com economias em desenvolvimento - confrontados com crises simultâneas de saúde, econômica e financeira - precisarão da ajuda de credores bilaterais da economia avançada e de instituições financeiras internacionais.
"A cooperação multilateral será fundamental. Além de compartilhar equipamentos e conhecimentos para reforçar os sistemas de saúde em todo o mundo, um esforço global deve garantir que, ao desenvolver tratamentos e vacinas para a covid-19, tanto os países ricos quanto os pobres tenham acesso imediato", diz o relatório.
"A comunidade internacional também precisará intensificar a assistência financeira a muitos mercados emergentes e economias em desenvolvimento. Para aqueles que enfrentam grandes pagamentos de dívidas, é necessário considerar a moratória e a reestruturação da dívida."
E as economias avançadas?
No grupo dos países com economias avançadas, a projeção de retração econômica neste ano é maior que nos emergentes, com uma queda de 6,1%. Em 2021, a recuperação projetada para este grupo é de um avanço de 4,5%.
Os Estados Unidos, por exemplo, devem registrar, segundo o FMI, uma retração de 5,9% neste ano e um avanço de 4,7% em 2021. Já o Reino Unido deve assistir uma queda de 6,5% em 2020 e um crescimento de 4% no ano que vem. Na Zona do Euro, a previsão de queda para este ano é de 7,5% e a projeção de avanço em 2021 também é de 4,7%.