El País
Breiller Pires
Integrado por nomes influentes de várias modalidades esportivas, o grupo “Esporte pela Democracia” lançou nesta terça-feira um manifesto em defesa dos direitos humanos, liberdade de imprensa, diversidade e valores democráticos. Entre as personalidades que assinam a carta estão a ex-nadadora Joanna Maranhão e o ex-jogador de futebol e comentarista Walter Casagrande, além de Gustavo Kuerten (tênis), Luciano Corrêa (judô), Ana Moser, Fabi, Fê Garay, Isabel, Pedro Solberg e Serginho (vôlei), Alex Pussieldi e Arilson Silva (natação), Grafite, Igor Julião, Juninho Pernambucano, Raí e Reinaldo Lima (futebol), os ex-árbitros Carlos Simon e Salvio Spinola e os jornalistas José Trajano, Juca Kfouri e Lúcio de Castro
No embalo de mobilizações antirracistas pelo mundo após os protestos puxados pelo movimento negro nos Estados Unidos, o documento destaca que é obrigação do esporte, que já produziu inúmeros ídolos negros, se contrapor à marginalização de minorias étnicas no Brasil. “Seguimos testemunhando o fruto da violência cotidiana que sistematicamente atinge as populações negras, periféricas, pobres, alvos preferenciais dos sistemas de poder. A banalização da vida negra soma historicamente milhares e milhares de mortos por violência, discriminação, práticas racistas diárias bem diante dos nossos olhos.”
Mesmo sem menção explícita ao presidente, o texto ainda condena a postura do Governo Bolsonaro diante da pandemia de coronavírus e denuncia tentativas de destruição da democracia por meio de medidas autoritárias, como “desrespeito à Constituição, autoritarismo, uso desvirtuado da política em benefício de poucos, ataque às instituições democráticas, ameaças ditatoriais, cerceamento da liberdade de imprensa, destruição das políticas de proteção ao meio ambiente, desrespeito aos povos indígenas e à história dos povos originários, ataque às minorias políticas e sociais.”
A carta do coletivo encabeçado por esportistas se soma a outros manifestos pela democracia críticos à escalada autoritária de Bolsonaro lançados na última semana. Um deles é o “Estamos Juntos”, que já soma mais de 250.000 assinaturas e também foi endossado por Casagrande e Raí. Atual diretor de futebol do São Paulo, o irmão de Sócrates tem criticado publicamente o Governo Federal e chegou a chamar o presidente de irresponsável por incentivar a população a não respeitar as medidas de isolamento social.
Depois de ser censurado pelo comentarista Caio Ribeiro, que afirmou que o dirigente são-paulino deveria se ater apenas ao esporte, Raí foi defendido por Casagrande durante um programa no Sportv. Para o ex-atacante do Corinthians, atletas e personalidades esportivas devem ter liberdade para emitir posicionamentos políticos.
Nesta semana, Casagrande, que militou ao lado de Sócrates contra o regime militar nos tempos de Democracia Corinthiana, voltou a se manifestar politicamente, dessa vez questionando a violência policial no Brasil e nos Estados Unidos em uma postagem no Instagram. “Há duas semanas, o garoto João Pedro, 14, negro, foi assassinado no Rio de Janeiro por policiais. E isso acontece constantemente aqui no Brasil. Lá nos Estados Unidos, um homem negro chamado George Floyd também foi assassinado por policiais brancos. E as pessoas estão se manifestando. Nós não queremos mais o ódio, queremos paz, amor. Eu sou contra racismo, homofobia, preconceito... E eu acho que nós devemos nos posicionar. Não podemos mais aceitar atitudes de ódio em nossa sociedade.”