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25 de Maio de 2016 às 06:25

“Para os golpistas vivemos num país imoral e ocupado pelos pobres”, afirma o presidente da Contraf-CUT

Roberto von der Osten abriu reunião do Comando Nacional dos Bancários e fez duras críticas às medidas anunciadas por Michel Temer


Crédito: Contraf-CUT
Guilherme Boulos foi convidado pelo Comando Nacional para fazer uma análise de conjuntura na reunião

Na abertura da reunião do Comando Nacional dos Bancários, realizada nesta terça-feira (24), na sede da Contraf-CUT, em São Paulo, os dirigentes sindicais receberam com preocupação e indignação as medidas econômicas que o presidente interino e ilegítimo, Michel Temer, divulgou pela manhã. Anunciadas como necessárias para o crescimento, e de recuperação da ‘moralidade pública’, as ações miram em cheio na perda de direitos dos trabalhadores, na retomada das privatizações e na diminuição dos investimentos públicos em projetos sociais.

Entre as medidas estão a reforma da previdência, projetos de lei da privatização das empresas públicas, dos fundos de pensão, fim do fundo soberano, abertura do pré-sal e redução do poder de investimento do BNDES, com devolução de R$ 100 bilhões ao Tesouro Nacional.

O presidente da Contraf-CUT, Roberto von der Osten, fez duras críticas às medidas econômicas e ao lançamento, da candidatura de Temer, para 2018.  “O presidente interino golpista, de certa maneira, se lançou candidato em 2018 e fez ele próprio o impedimento da presidenta, descartando a sua volta, ao anunciar medidas para estes dois anos e meio. Temer disse que 65% do povo é a favor da reforma da previdência, sem informar a origem dessa informação. A privatização faz parte deste governo golpista, e ao dizer que não vai se incomodar com as críticas, ele sinaliza que são ações contra o trabalhador. Fala em recuperação do país, com crescimento econômico e moralidade pública”, reforçou Roberto von der Osten.

Pacote golpista é exigência do capital

O coordenador nacional do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), Guilherme Boulos, foi convidado pelo Comando Nacional dos Bancários para fazer uma análise de conjuntura na reunião. O ativista político afirmou que não há dúvidas, com a divulgação da gravação envolvendo o senador Romero Jucá (PMDB-RR), de que o processo de impeachment de Dilma Rousseff se trata de um golpe.

“É um golpe de carpete, sem armas, porque os tempos exigem e não precisam mais de tanques, mas nem por isso, menos golpe. Abrem uma ferida na democracia brasileira, é um programa de terra arrasada em relação à proteção social, marco da Constituição de 88. Mas, para eles, a Constituição hoje não cabe no orçamento. Em uma semana os golpistas deixaram claro a que vieram”, criticou Boulos.

Boulos destacou as várias medidas tomadas pelo governo de Temer que já fizeram o País retroceder mais de 30 anos. “Só a foto ministerial de Temer é a volta da primeira república. Homens brancos, velhos, aristocráticos, com características arcaicas e reacionárias”. O coordenador do MTST também destacou que está em curso um pacote golpista, exigido pelo capital.  “O golpe não é só contra Dilma, a exigência do capital vai além disso, acaba com direitos dos trabalhadores, com a previdência pública. Mas sendo um programa de devassa e destruição não passa eleitoralmente, e temos um presidente com a caneta, mas sem nenhum voto”, explicou. 

O coordenador nacional do MTST também destacou o crescimento da direita no País, representada pelo pior de um de seus líderes, o deputado Jair Bolsonaro, mas avaliou que o crescimento do movimento reacionário, também abre caminho para uma nova esquerda.

“Esta nova direita assusta, com ódio e intolerância, mas é verdade que este caldo também produz outra avenida para reinventarmos os caminhos da esquerda. Nos nossos grandes atos pela democracia trouxemos pessoas que nunca tinham ido às ruas para protestar, mas saíram de casa pela democracia. O que nos dá a oportunidade de falar de democratização da política, das comunicações, da reforma tributária, do combate ao genocídio da juventude negra, do respeito à diversidade. Precisamos aprender com este processo a voltar às ruas e para a periferia, da qual nos distanciamos”, concluiu.

Consulta Nacional

Na parte da tarde da reunião, o Comando Nacional definiu as questões que farão parte da Consulta Nacional, que será feitas às bases no início de junho. Para Juvandia Moreira, vice-presidenta da Contraf-CUT e presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo, a consulta é o pontapé inicial da Campanha Nacional. “É um instrumento para aferirmos o que os bancários esperam da campanha, como eles enxergam a conjuntura nacional e política e quais mudanças eles querem.”

O Comando Nacional ainda decidiu pela orientação da categoria participar dos atos em defesas da democracia que acontecem por todo o Brasil, convocadas pela Frente Povo Sem Medo e pela Frente Brasil Popular.

Fonte: Contraf-CUT


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