CUT Nacional
Em meio à longa crise econômica, agravada pela pandemia do novo coronavírus (Covid-19), o percentual de famílias brasileiras com dívidas atingiu em junho 67,1%, o mais alto desde janeiro de 2010.
De acordo com a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor, realizada pela Confederação Nacional do Comércio (CNC), divulgada nesta quinta-feira (18), o último recorde de famílias com cheque pré-datado, cartão de crédito, cheque especial, carnê de loja, empréstimo pessoal, prestação de carro e seguro foi registrado em abril deste ano (66,6%).
Em maio, dois meses após a pandemia ser decretada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), quando governos decretaram isolamento social para conter a expansão do vírus, o que impediu os informais de trabalharem e muitas empresas demitiram ou reduziram salários dos trabalhadores, a proporção de famílias com dívidas era de 66,5%.
O número de famílias com dívidas ou contas em atraso chegou a 25,4% em junho, atingindo o maior nível desde dezembro de 2017 e registrando crescimento nos aumentos mensal (+0,3 ponto percentual) e anual (+1,8 ponto percentual).
Já o total de famílias que declararam não ter condições de pagar suas contas ou dívidas em atraso e que, portanto, permaneceriam inadimplentes chegou a 11,6% – patamar mais alto desde novembro de 2012. O indicador também apresentou aumento mensal (+1 ponto percentual) e anual (2,1 pontos percentuais).
Cartão de crédito continua sendo o vilão
A análise dos tipos de dívida mostrou que o cartão de crédito, apesar de leve recuo mensal, continua sendo o mais apontado pelos brasileiros como o principal motivo de endividamento (76,1%). Os carnês vêm em segundo lugar, com 17,4%, seguido de financiamento de veículos (11,7%).
Mais ricos devem um pouco menos, mas também estão inadimplentes
Entre as famílias com renda de até dez salários mínimos (R$ 10.450,00), o porcentual de endividados cresceu de 67,4% para 68,2% entre maio e junho.
Já entre as famílias com renda acima de dez salários mínimos, caiu de 61,3% para 60,7% no mesmo período.
"No corte por faixa de renda, o endividamento é crescente e segue tendência positiva desde fevereiro de 2020 entre as famílias com menor renda. Já nas famílias que recebem mais de dez salários, o endividamento vem caindo desde abril deste ano", destaca em nota a economista da CNC responsável pela pesquisa, Izis Ferreira.
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