Escrito por: Igor Carvalho - CUT
Na manhã desta quarta-feira (29), durante o IX Enacom (Encontro Nacional de Comunicação da CUT), comunicadores debateram a possibilidade de criar uma rede unindo a estrutura dos movimentos sindicais e sociais para ampliar o conteúdo produzido pelas entidades e mídias parceiras.
A proposta acabou por se tornar o foco das discussões que aconteceram durante a mesa “Organizar, consolidar e fortalecer a rede de comunicação CUTista, dos movimentos sociais e as mídias progressistas”, com participação do secretário Nacional Comunicação da CUT, Roni Barbosa, o editor-geral da Rede Brasil Atual, Paulo Salvador, a secretária de Comunicação da CUT-SP, Adriana Magalhães, do blogueiro progressista Esmael Morais, além de Valter Sanchez, presidente da TVT.
A necessidade de uma rede ampla que envolva diversas entidades foi justificada por Janeslei Aparecida Albuquerque, secretária Nacional de Mobilização e Relação com Movimentos Sociais da CUT.
“Ainda não superamos o coronelismo, o patrimonialismo e as capitanias hereditárias da comunicação. Nós conseguimos, apesar do monopólio midiático, impor nossa narrativa, que é a narrativa do golpe. Hoje, o mundo sabe que temos um golpe em curso no Brasil”, afirmou Janeslei.
Roni Barbosa apresentou uma coleta de dados sobre os produtos da Secom e os avanços dos números de visitas ao site e de engajamento nas redes sociais. Porém, para o dirigente, é possível avançar mais e ampliar as estatísticas.
“Temos que aprofundar a parceria com as mídias progressistas, com a RBA e a TVT para expandir o noticiário sobre a classe trabalhadora. A rede CUT de comunicação precisa efetivamente funcionar. São milhares de sindicatos que podem, através de seus jornalistas, repercutir com suas categorias a mesma notícia e ampliar o alcance de nossa narrativa”, apontou o secretário nacional de Comunicação da CUT, lembrando que apesar da construção de uma narrativa própria, não é possível abandonar a luta pela manutenção das conquistas do setor.
Para Valter Sanches, os contextos político e histórico apontam para a urgência de uma organização da esquerda. “Os processos políticos, em várias partes do mundo, estão sendo decididos de forma muito acirrada, com resultado definido nos últimos minutos. A direita perdeu a vergonha de se assumir fascista e está tentando estabelecer a sua versão sobre os fatos. Por isso, se faz necessário que nos organizemos para esse embate.”, sentenciou.
Sanches aproveitou o debate para apontar erros históricos do PT que nos levaram a atual situação. “O governo, nesse período, teve dois erros básicos com relação a comunicação. O primeiro erro, foi republicano, de não comprar uma briga no Congresso e tentar regulamentar a mídia. O segundo erro, foi não dotar o povo de uma comunicação popular. Depois, vem o erro político, que foi sustentar a mídia golpista com verbas altas, ao invés de apoiar a comunicação diversa. Além disso, não cuidou da distribuição de rádio e TV no Brasil.”
O blogueiro Esmael, explicou a função de seu site. “Somos o contraponto no Paraná, tentando dar um olé na turma da ‘República de Curitiba’”. O jornalista alertou os participantes sobre o futuro da comunicação e da esquerda. “A tendência, caso o golpe se consolide com a queda da Dilma em agosto, é que os golpistas tentem quebrar o movimento sindical e a mídia progressista.”
Para além da comunicação ampliada em rede, Adriana Magalhães mostrou preocupação com o conteúdo gerado. “Na CUT, não temos como dar conta de produzir conteúdo derivado de jornalismo investigativo, com matérias de fôlego. Nós precisamos nos ocupar da comunicação institucional. Por isso é fundamental as parcerias com as mídias progressistas.”
Por fim, Paulo Salvador reforçou o pedido que norteou o encontro. “Queria que nós fechássemos um pacto de acordo de construção dessa rede, de compartilhar notícias produzidas por todos nós, de compartilhar nossos conteúdos e fazer a nossa narrativa se impor.”