A reestruturação promovida pela Caixa desde o dia 10 de março foi um dos pontos debatidos na mesa de negociação permanente que ocorreu nesta quinta-feira em Brasília. Representantes de sindicatos de vários estados relataram o clima de apreensão que tomou conta dos empregados diante da falta de informações a respeito das mudanças e que podem significar a extinção de unidades, a perda de funções e transferência de pessoal, inclusive para outros municípios.
“Questionamos sobretudo o caos que se instalou nos locais de trabalho por um processo conduzido sem que os trabalhadores pudessem conhecer e sugerir formas de reduzir o impacto dessas mudanças na vida das pessoas. Hoje há uma quantidade imensa de boatos e precisamos ter mais clareza de como se dará toda essa reestruturação”, afirmou a coordenadora CEE/Caixa, Fabiana Matheus. As entidades defenderam a suspensão do processo e a abertura de diálogo com os empregados.
Os representantes da Caixa afirmaram que a reestruturação está sendo feita por etapas. Eles afirmaram que também não têm informações sobre os próximos passos e que a rede não será afetada no momento, a não ser para receber profissionais que sejam remanejados para as agências.
Os relatos dos problemas detectados nos estados impressionaram os negociadores, que não sabiam a extensão das mudanças já ocorridas na vida de muitos empregados. No entendimento da CEE, a reestruturação enfraquece a empresa, desmotiva os empregados e afeta o atendimento ao cliente. Combinada com a ausência de contratação de concursados e com o Plano de Apoio à Aposentadoria (PAA), mostra que o discurso de valorização das pessoas está distante da realidade dos empregados da empresa.
Os empregados questionam também a redução das GIRET, pois pode comprometer a conformidade das operações, trazendo insegurança para os empregados e gestores. A extinção de quatro GIPES, também anunciada, vai na contramão da reivindicação dos empregados que é a ampliação das áreas de pessoas nas filiais. Um dos problemas dessa medida é precarizar ainda mais a gestão do Saúde Caixa e dos programas de Saúde do Trabalhador.
Concursados
Sobre a contratação de pessoal a Caixa deixou claro que não há qualquer expectativa de convocação de novos concursados e que as convocações feitas recentemente são apenas para atender a determinações judiciais de ações individuais ou para preencher vagas já previstas no edital e que não haviam sido preenchidas. Se a situação já é desesperadora no momento atual, com o novo PAA, que registrou 1793 adesões, ela se agravará ainda mais.
Funcef
A Caixa concordou com a formação de um grupo de trabalho, com representantes da empresa, dos empregados e da Funcef para discutir o contencioso do nosso fundo de pensão. “Consideramos que esse debate é urgente, pois poderá causar impactos muito negativos e precisamos de forma conjunta buscar uma solução para a questão” afirmou a coordenadora da CEE. Esse grupo será formado no prazo de 30 dias
Adiantamento odontológico/assistencial
A Caixa apresentou à CEE a proposta para solucionar a suspensão, em abril de 2015, do Adiantamento Odontológico/Assistencial previsto no RH 044. A sugestão é a inclusão de todos os procedimentos previstos naquele normativo como cobertura do Saúde Caixa. Pela proposta da Caixa, os novos procedimentos não entrariam na regra do teto anual de coparticipação, atualmente R$ 2.400,00. A representação dos empregados não concordou com isso. Diante do impasse, para que não haja mais demora na solução na concessão da cobertura, ficou acertada sua implantação a partir do dia 2 de maio, com a continuidade do debate na mesa permanente para buscar uma alternativa para a superação desta questão até o final do mês de junho.
Promoção por mérito
A CEE/Caixa cobrou o debate sobre as regras para promoção por mérito para 2016. Conforme o Acordo Coletivo a definição desses critérios deve ser feita por uma comissão bipartite (Contraf/Caixa). A empresa disse que poderá fazer essa reunião no dia 25 ou 29 deste mês e solicitou que a CEE indique seus representantes.
Banco de horas negativo
O problema do banco de horas negativo já se arrasta há bastante tempo. Porém nos últimos meses, com o contingenciamento de horas extras, a situação está se agravando. Os gestores, em dias de pouco movimento, forçam os empregados a encerrarem o expediente antes de completar a jornada normal de trabalho, acumulando assim horas que deverão ser pagas com trabalho extra em dias de grande movimento. Essa prática se torna um fator de grande pressão sobre os empregados, configurando-se em descumprimento do Acordo Coletivo, que não prevê banco de horas. A Caixa comprometeu-se a enviar um comunicado a todos os gestores orientando para que não ocorra acúmulo de horas negativas.
Sipon
A CEE/Contraf denunciou, mais uma vez, que o sistema de ponto eletrônico vem sendo fraudado, sendo objeto fiscalização e autuação do Ministério do Trabalho no Estado de São Paulo. A Caixa comprometeu-se a providenciar junto à área de TI atualizações a fim de inibir tais práticas. A empresa também informou que está adotando uma nova plataforma (SailPoint) que permitirá maior controle do Sipon com a interligação de todos os sistemas a partir de 2017.
Licença Paternidade
A Caixa afirma que não ampliou ainda a licença paternidade para 20 dias, como prevista em lei recentemente sancionada, porque há detalhes de regulamentação pendentes. A CEE, por sua vez, lembrou que outras instituições, como o BRB, por exemplo, já estão concedendo o benefício para seus empregados, e que a Caixa, que sempre esteve na vanguarda na implantação de benefícios sociais, tem condições de implantar a medida imediatamente.
Descomissionamento
A CEE também comunicou que tem recebido denúncias de que mulheres grávidas estão perdendo funções por causa da gravidez. A Caixa disse que receberá as denúncias e examinará caso a caso, porque esta não é uma orientação da empresa.
A próxima negociação está marcada para o dia 25 de maio.