por Redação RBA
São Paulo – Na transmissão de cargo no Banco Central, na tarde de hoje (13), o agora presidente da autoridade monetária, Ilan Goldfajn, refutou a chamada "nova matriz econômica", caracterizada por juros baixos e aumento de gastos públicos, defendendo o "velho e bom tripé econômico": responsabilidade fiscal, controle da inflação e câmbio flutuante. Seu antecessor, Alexandre Tombini, citou "a política de recomposição salarial" e "a redução da desigualdade" como fatores que pressionaram a inflação.
Segundo Goldfajn, que retorna ao BC após 13 anos – foi diretor de Política Econômica de 2000 a 2003 –, esse tripé "permitiu ao Brasil ascender econômica e socialmente em passado não muito distante". Ele afirmou que o controle da inflação vai ajudar na recuperação da confiança e na retomada do crescimento. Quanto ao câmbio flutuante, acrescentou que, sem "ferir" o regime, o BC poderá utilizar "com parcimônia" ferramentas para reduzir sua exposição "em ritmo compatível com o normal funcionamento do mercado, quando e se estiverem presentes as adequadas condições".
"A manutenção de um nível baixo e estável de inflação reduz incertezas, eleva a capacidade de crescimento da economia e torna a sociedade mais justa, por meio de um menor imposto inflacionário, um dos mais regressivos", afirmou em seu discurso. Goldfajn disse que "a literatura econômica já refutou por diversas vezes o falacioso dilema entre a manutenção de inflação baixa e crescimento econômico".
Para cumprir essas e outras missões, ele afirmou ser fundamental "manter e aprimorar" a autonomia do Banco Central. Segundo Goldfajn, será também relevante discutir "com o restante da equipe econômica" a autonomia orçamentária do BC.
Ao entregar formalmente o cargo, Tombini citou um "conjunto de forças majoritariamente inflacionárias", de diversas fontes. A primeira que destacou em seu discurso incluía "a política de recomposição salarial, a redução da desigualdade e a transformação econômico-social vivenciada pela sociedade brasileira". Se por um lado houve "melhorias significativas" para o bem-estar da população, isso também levou a "pressões inflacionárias persistentes e mais acentuadas em um ambiente de pleno emprego, especialmente nos setores de serviços e de alimentos".
Três anos atrás, em artigo, Goldfajn falou sobre a possível conveniência de certo nível de desemprego para combater a inflação. "Não está claro se há consciência na sociedade de que, para manter a inflação sob controle, possa ser necessário temporariamente reduzir o consumo e desaquecer o mercado de trabalho."