São Paulo - Os bancos que atuam no Brasil seguem batendo recordes de lucro e ainda assim continuam mandando para a rua milhares de trabalhadores pais e mães de família. As cinco principais instituições financeiras (Itaú, Bradesco, Santander, BB e Caixa) lucraram juntas R$ 54,8 bilhões nos primeiros nove meses de 2015, 24,3% a mais em relação ao mesmo período do ano passado. Ainda assim, fecharam mais de 11 mil postos de trabalho.
E não há nenhuma justificativa para as dispensas a não ser economizar com a folha de pessoal para aumentar ainda mais os lucros, visando o pagamento de bônus cada vez mais altos para os diretores.
Trabalho, por exemplo, não falta. Somados, os cinco maiores bancos possuíam em outubro deste ano 303 milhões de clientes ante 292 milhões no mesmo mês do ano passado. São 11 milhões de correntistas a mais em apenas um ano e muito menos funcionários.
Além do corte de vagas, a rotatividade também enche os cofres dos banqueiros. É o que revela levantamento elaborado pela Confederação dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT) em conjunto com o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). O setor bancário contratou 27.503 funcionários e demitiu 33.822 nos primeiros dez meses deste ano. O salário médio dos admitidos foi de R$ 3.507,23, contra R$ 6.246,41 dos desligados. Assim, os trabalhadores que entraram nos bancos receberam valor médio 49,3% menor que a remuneração dos dispensados.
A pesquisa mostra também que as mulheres, mesmo representando metade da categoria e tendo maior escolaridade, continuam discriminadas pelos bancos. A média dos salários dos homens admitidos pelos bancos foi de R$ 3.855,43 entre janeiro e outubro. Já a remuneração das mulheres ficou em R$ 3.121,93, valor 19% inferior à de contratação dos homens.
Fórmula que adoece – Ou seja, os lucros astronômicos são obtidos por meio de uma fórmula perversa: demissões, sobrecarga de trabalho, aumento das metas, pressão pelo seu cumprimento que levam ao assédio moral. Tudo isso resulta em um grande número de adoecimentos na categoria.
Segundo o INSS, entre 2009 e 2013, o número de bancários afastados por doença cresceu 40,4%. Os benefícios acidentários por transtornos mentais e comportamentais concedidos a bancários no período subiu 70,5% (de 2.957 para 5.042).
Em 2013, mais de 18 mil bancários (18.671) foram afastados. Desse total, 27% por transtornos mentais e comportamentais (como estresse, depressão, síndrome do pânico) e 24,6% por LER/Dort.
Somente entre janeiro e março de 2014, 4.423 bancários precisaram se licenciar, sendo 25,3% em função de lesões por esforços repetitivos e distúrbios osteomusculares e 26,1% por doenças como depressão, estresse e síndrome do pânico.
“Com todo esse lucro não pode ter discriminação, não pode ter assédio moral, não pode ter adoecimento”, critica a presidenta do Sindicato, Juvandia Moreira. “Com todo esse lucro os bancos deveriam cumprir seu papel social, principalmente com seus trabalhadores, começando pela manutenção dos empregos até a melhoria das condições de trabalho”, acrescenta a dirigente.
Fonte: SEEB/São Paulo - Rodolfo Wrolli