A Latam Brasil cumpriu a ameaça e, em comunicado enviado aos trabalhadores e trabalhadores, nesta sexta-feira (31), informou que vai demitir os pilotos, comissários e copilotos que não aceitaram a proposta de Acordo Coletivo de Trabalho (ACT), que previa redução permanente nos salários.
A empresa quer demitir mais ou menos 2.700 tripulantes – só de comissários são cerca de 2.000.
A justificativa para tentar impor redução de jornada e salários temporária e depois implementar um novo modelo de remuneração que previa, na prática, a redução permanente dos salários, foi o cenário econômico atual, agravado pela pandemia do novo coronavírus.
“Não se justifica isso. Depois da pandemia, poderíamos até ter um diálogo, mas a empresa não foi flexível sobre esse ponto. Saio de cabeça erguida porque não fui a favor de aceitar isso para a categoria, não concordei em abrir mão de todos os benefícios conquistados por meio de anos de luta”, disse um comissário que não quis se identificar porque o processo de dispensa não é imediato. “Eu não queria perder o meu emprego, mas a Latam foi baixa”, disse.
A imensa maioria dos trabalhadores não aceitou a pressão da empresa e rejeitou a proposta. Em votação online organizada pelo Sindicato Nacional dos Aeronautas (SNA) nesta sexta, disseram não ao novo ACT proposto pela Latam 79% dos comissários, 74% dos comandantes, e 71% dos copilotos.
“Eu votei ‘não’ porque nesse momento difícil não era apropriado a empresa se aproveitar da pandemia para impor propostas de alteração permanentes no nosso salário”, disse o comissário que explicou: “A demissão só se concretizará quando a empresa abrir um Plano de Demissão Voluntária (PDV), como prevê a convenção coletiva da categoria. De acordo com o comissário, a empresa já mandou um e-mail dizendo que as inscrições para o PDV já estão abertas.
No comunicado enviado aos trabalhadores, assinado pelo comandante Harley Meneses, diretor de Operações, e Derick Barboza, Gerente Sr. de Tripulação de Cabine, a Latam Brasil diz que iniciou o processo de negociação de um diálogo que, na verdade, não houve, “com nosso time de tripulantes” e que, depois, tentou negociar com o SNA, mas não houve acordo. Dizem ainda que esse novo modelo de remuneração “permitiria um alinhamento de práticas salariais” semelhantes as da concorrência.
“Aos que nos deixam”, diz trecho do comunicado, “desejamos que possam retomar suas carreiras o mais breve possível”.
Rafael Silva, da CUT-SP, e Marize Muniz, da CUT Brasil