São Paulo - Transformar agências em Postos de Atendimento (PAs). Esta é a nova “estratégia” do Itaú. Neste modelo, o cliente não pode sequer utilizar dinheiro na agência, somente o cartão. Com isso, bancários destes locais ficam expostos à justa indignação de clientes e usuários, inconformados por um banco não aceitar dinheiro.
“O Itaú tem imposto uma agressiva política de transformar todos os seus clientes em clientes digitais. Agora, a estratégia para isso é transformar agências em PAs, alegando que as unidades afetadas não estão dando resultado. Isso está ocorrendo sem qualquer planejamento e diálogo com os trabalhadores, agredidos verbalmente, e até fisicamente, por clientes e usuários”, critica a dirigente sindical e bancária do Itaú, Valeska Pincovai.
“Outro problema para o cliente é ele se deslocar até uma agência próxima da sua residência, portanto uma quantia alta em dinheiro, e descobrir que virou um PA que não aceita depósito em dinheiro. Terá que ir até outro local mais distante. Isso, somado a ausência de plano de segurança nos PAs, aumenta a insegurança para clientes e bancários”, acrescenta o diretor do Sindicato e funcionário do Itaú Carlos Damarindo.
Metas – Outro problema relacionado com a medida é a manutenção das mesmas metas nas agências transformadas em PAs: “sem aceitar dinheiro, as unidades ficam esvaziadas. Porém, as metas continuam as mesmas. Se o local não é uma agência, e sim um PA, o banco não deveria cobrar o mesmo Agir de agências comuns, que massacra bancários, intensifica o assédio moral e os leva ao adoecimento. Qual a lógica? Como o trabalhador vai oferecer um produto para um cliente que se sente revoltado, com seu direito violado e culpando o funcionário?", ressalta Valeska.
Ao ser questionado pelo Sindicato, o Itaú alegou seguir as normas do Banco Central. “Isso é uma manobra. As normas são para PAs e não agências, onde é preciso ter caixas e aceitar dinheiro. O Itaú tem de rever as metas dos bancários destes locais para não penalizá-los. O Sindicato é contra este modelo de atendimento, que desrespeita o caráter de concessão pública do banco, e vai denunciar a prática irregular ao Banco Central”, conclui a dirigente sindical.
O artigo 3º da resolução 3.694, publicada pelo Banco Central em 2009, determina que bancos não podem negar ou restringir o acesso dos clientes e usuários aos meios de atendimento convencionais, inclusive guichês de caixa, mesmo na hipótese de atendimento alternativo ou eletrônico. Além disso, o BC prevê ainda, na resolução 4.072, editada em abril de 2012, que PAs são dependências subordinadas à agência ou sede da instituição. “Ao contrário das agências, os PAs possuem limitações nos serviços oferecidos”, esclarece Damarindo.
Fonte: SEEB/São Paulo - Felipe Rousselet