por Redação RBA
São Paulo – Manifestantes ocuparam a frente da casa do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Teori Zavascki, em Brasília, na madrugada de hoje (23), ameaçando-o por ter decidido trazer à Suprema Corte todo o processo de investigações contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no âmbito da Operação Lava Jato. Em entrevista àRádio Brasil Atual nesta quarta-feira, o deputado federal Paulo Pimenta (PT-RS) comenta o episódio e afirma que o "fascismo chegou ao auge". "Já vimos ministros hostilizados em locais públicos, mas agora há um caso de incitação à violência contra um integrante da Suprema Corte, então, o fascismo chegou à escala máxima."
O parlamentar apoia a decisão do ministro de Zavascki e diz que a manifestação expõe "a verdadeira face desses grupos". "Eles são extremistas, autoritários, reacionários, que desprezam o Estado democrático e a Constituição."
A seguir, os principais trechos da entrevista:
Como o sr. os atos contra a democracia?
É importante reforçar o conteúdo da decisão do ministro Teori Zavascki, já que ele não deixou dúvidas que, no entendimento dele como relator do processo no STF, o juiz Sérgio Moro cometeu ilegalidades. A divulgação dos grampos contra a presidenta Dilma, da maneira ilegal como foi feita, não só se constitui crime, pois viola os princípios e direitos individuais previstos na Constituição, como afronta a própria democracia.
O silêncio da imprensa em relação ao fato de a residência do ministro do STF ser palco de atos hostis e ameaças durante a madrugada, com divulgação na internet de endereços do ministro e de seus familiares, além de a incitação ter sido feita por jornalistas, é o ápice do fascismo.
Já vimos nossos escritórios sofrerem ameaças, ministros hostilizados em locais públicos, mas agora há um caso de incitação à violência contra um integrante da Suprema Corte. O fascismo chegou à escala máxima.
O sr. acredita que o ministro Teori Zavascki irá reagir contra esse ato?
Acredito que o Supremo Tribunal Federal irá reagir, porque o guardião da Constituição não pode ser ameaçado. O lado positivo é que o fato expõe como esses grupos são: extremistas, autoritários, reacionários, que desprezam o Estado democrático e a Constituição.
Já vimos blogueiros da Globo dizendo que a Dilma pensou em suicídio ou até que o Lula contratou um capataz para atingir o juiz Sérgio Moro. Tudo isso serve para insurgir a sociedade?
Nós também tivemos um caso em Porto Alegre de um radialista que chamou a população para cuspir no Lula.
Agora, há um ato de ameaça ao ministro do STF, divulgação do endereço nas redes sociais e o silêncio da imprensa, porque a Globo, por um lado, incita a violência e se silencia diante dos atos. Por que não deram um destaque nos jornais de que um ministro foi vítima de ataques fascistas? Isso não é notícia? A imprensa é cúmplice. Ela silencia porque incita o ódio.
O ódio foi incitado ao ponto de as pessoas não poderem usar vermelho.
A história da humanidade registrou situações semelhantes, como na Alemanha nazista, onde os judeus escondiam sua origem para não serem perseguidos. Na história recente, pessoas são perseguidas por causa de sua orientação sexual ou pela crença religiosa.
Atualmente, pelo fato de você ser integrante de um grupo social, seja ele religioso ou político, e você ser perseguido e hostilizado na tentativa de criminalizar esse grupo, isso é a caracterização do fascismo. Nós não podemos abrir mão dos direitos individuais por causa dos fascistas.