Brasília – A sessão do Senado que vai votar a pronúncia do processo de impeachment da presidenta afastada Dilma Rousseff hoje (9) deve começar com um pouco de atraso. No entanto, ainda há expectativa de que a votação seja cancelada devido a um pedido de suspensão do processo motivado pelas denúncias surgidas no final de semana envolvendo pagamentos, por meio do caixa dois, ao presidente interino Michel Temer - revelados a partir de delação premiada dos executivos da Odebrecht.
A previsão é de que a sessão tenha perto de 20 horas de duração e que os trabalhos, a serem realizados com vários intervalos de uma hora, sejam concluídos tarde da noite. Para que a pronúncia do processo seja aprovada serão necessários 41 votos, ou seja, sistema de maioria simples – correspondente à metade da sessão mais um voto.
Segundo um dos integrantes da mesa diretora, o senador Jorge Viana (PT-AC), apesar de nem todos os parlamentares estarem presentes na Casa, já existe quórum suficiente para ser aberta a sessão. Espera-se a chegada do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Ricardo Lewandowski, que vai conduzir a votação de hoje.
O líder do PT na Casa, Humberto Costa (PE), desabafou, ao chegar no Senado: “Isso aqui é um jogo de cartas marcadas. Tanto é que o mundo inteiro repercute esse processo sem uma culpabilidade comprovada por parte da presidenta”, destacou.
Lindbergh Farias (PT-RJ) provocou tumulto entre os jornalistas. Ele disse que considerava "um escândalo" o Congresso estar julgando a presidenta pela assinatura do decreto "quando existem ações tão sérias pairando contra o presidente interino". "Isso que está se passando aqui é uma forma de blindar o presidente interino Michel Temer, que se for empossado como presidente em definitivo, não poderá ser investigado sobre atos gravíssimos que cometeu anteriormente. Não dá para acreditar em tudo isso que está acontecendo", afirmou.
As denúncias contra Temer ainda vão ser investigadas pelo Ministério Público e, segundo parlamentares que dão sustentação ao governo provisório, como Ricardo Ferraço (PSDB-ES), não há nada a temer. “A sessão será realizada sim, o assunto aqui é outro e estamos julgando descumprimentos legais cometidos pela presidenta Dilma”, disse.