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23 de Dezembro de 2015 às 09:27

Greves em 2013 atingiram recorde e mobilizaram 2 milhões de trabalhadores

Pouco mais da metade ocorreu no setor privado. Principal reivindicação continua sendo por reajuste salarial, mas aumentou presença de reivindicações por manutenção de direitos


Crédito: JORDANA MERCADO/APEOESP
Neste ano, os professores da rede estadual de São Paulo realizaram greve durante 92 dias

Por Redação RBA

São Paulo – O número de greves no Brasil somou 2.050 em 2013, recorde da série histórica do Dieese, depois de um período de certo refluxo nos anos 2000 e o pico verificado no período imediatamente anterior. O maior número até então era de 1989 (1.962 greves). Em relação a 2012, houve crescimento de 134%. As paralisações mobilizaram aproximadamente 2,017 milhões de trabalhadores.

"No setor privado, as greves dos trabalhadores dos serviços ganharam maior importância. No setor público, tanto entre os servidores da administração direta como entre aqueles das empresas estatais, o destaque foi a crescente incorporação dos funcionários dos municípios", diz o Dieese.

"Houve uma expansão das mobilizações grevistas em categorias diversas daquelas já tradicionalmente mobilizadas  – sem que, no entanto, essas categorias já habituadas à paralisação de suas atividades tenham deixado de cruzar os braços", acrescenta o instituto. "É possível, inclusive, tratar desse movimento como uma espécie de 'desbordamento', uma expansão do centro para a periferia, um movimento em duas etapas em que o reforço da agitação do núcleo (isto é, o incremento das greves deflagradas por metalúrgicos, por trabalhadores da construção, por bancários e por servidores das redes de Educação e Saúde, categorias usualmente dispostas à mobilização) observado em 2012, passa a dirigir-se para outros segmentos (trabalhadores da indústria da alimentação, da limpeza urbana, vigilantes privados e funcionários das redes municipais de segurança pública, categorias em que as mobilizações eram, até então, mais raras, ou mais difíceis de serem empreendidas."

O Dieese também destaca a presença de "itens defensivos", por manutenção de direitos, e o maior número de greves de duração mais curta, "com um grande crescimento das paralisações de advertência".

Das 2.050 greves, pouco mais da metade (1.106, ou 54%) ocorreram no setor privado, um aumento de 138% ante 2012. As paralisações em empresas estatais saltaram de 29 para 137, alta de 372%. Mas o total de horas paradas foi maior na área pública do que no setor privado, embora a participação no primeiro caso tenha caído de 75% para 69%.

As greves no ano passado tornaram-se mais curtas – em 2013, quase metade (49%) das paralisações terminou no mesmo dia em que começou. O total de greves com duração superior a dez dias recuou de 28%, em 2012, para 16%. E as paralisações com até 200 grevistas representaram 45% do total, embora tenham reunido só 2% dos trabalhadores parados.

Reajuste salarial continuou sendo a principal reivindicação, mas caiu de 41% para 36%. As demandas relacionadas à alimentação ficaram em segundo lugar, com 27% nos dois anos. Em terceiro, o pedido de melhores condições de trabalho foi de 15% para 21%. No setor público, destaca-se também a reivindicação de contratações e cumprimento (ou implementação) de planos de cargos e salários.

As paralisações consideradas propositivas – em que se busca ampliação de direitos – passaram de 64% para 57%, enquanto aquelas com reivindicações defensivas subiram de 67% para 75%. "Somente entre as greves do funcionalismo público há, entre 2012 e 2013, um aumento da participação das greves propositivas. Por outro lado, o incremento do caráter defensivo das greves foi grande nas empresas estatais (e um pouco menor na esfera privada", informa o Dieese.


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