No início da noite de quarta, dia 7, a I Plenária Nacional da Frente Brasil Popular apontou alguns caminhos para um calendário de lutas unificado. Destaque para a manutenção do “Fora Temer” e a adição de um segundo passo, a convocação de eleições diretas já para presidente.
Os mais de 300 delegados presentes à Plenária, em Belo Horizonte, dividiram-se em dez grupos, no período da tarde, para debater desafios e apontar rumos. Já era noite quando todos apresentaram suas propostas no auditório e, diferenças aqui e acolá, o lema das “Diretas Já” foi unânime.
A avaliação é a de que é necessário apontar um novo rumo para a superação do golpe e para o debate político com a maioria da população.
Porém, alertam dirigentes da CUT presentes ao encontro, há perigos de curtíssimo prazo para a sociedade, mais especialmente a proposta da PEC 55 e o desmonte – chamado eufemisticamente pelo governo de reforma – e que vão exigir ação imediata.
Greve geral
“Estamos numa situação emergencial. O governo está encaminhando a toque de caixa uma agenda ultra- regressiva. Vivemos uma situação extremamente perigosa. A CUT precisa desde já preparar as suas bases para a possibilidade de uma greve geral. Esse foi um dos temas da reunião da Executiva da CUT em Florianópolis: colocar em pé de guerra os trabalhadores contra a reforma da Previdência e a PEC 55”, disse Júlio Turra, dirigente executivo e um dos representantes da Central na coordenação da Frente.
Janislei Albuquerque, secretária nacional de Relações com os Movimentos Sociais e também integrante da coordenação da Frente, acredita que é possível popularizar a luta pelas “Diretas Já” a tempo. Caso Temer não caia antes do dia 31 de dezembro, a outra maneira de convocar eleições seria por intermédio de uma emenda constitucional. “Essa conjuntura de golpe, de traição ao país e ao povo, não vai durar pra sempre. E nós estamos construindo organização e aglutinação de forças para superar isso. O povo pode ser enganado por um tempo, mas não todo o tempo”.Lideranças da CUT debatem linha de atuação num dos intervalos da Plenária
Disposição de luta, o mais importante
Outra proposta bastante repetida ontem foi a de realização de uma marcha rumo a Brasília, que vá crescendo à medida que passar por diferentes cidades. Para Jandira Uehara, secretária nacional de Políticas Sociais, “temos de concentrar todos os nossos esforços, neste final de ano e no início do ano que vem, quando o Congresso voltar do recesso, para construir uma greve geral. Claro que temos de elaborar um calendário de lutas a médio e longo prazo – e a marcha se encaixa nisso – mas temos de reunir todos numa reação rápida e à altura desse golpe que querem dar nos direitos da classe trabalhadora”.
Carmem Foro, vice-presidente da CUT, destaca a vontade de lutar e a disposição de construir ações unitárias que são mantidas mesmo após uma sucessão de derrotas recentes. “Não há certezas, mas há vontade de lutar, isso é o mais importante. E a Plenária da Frente Brasil Popular reafirma isso. Eu não creio que a gente luta só quando vai ganhar. Nos últimos tempos, perdemos todas, mas a Frente mostra disposição de lutar. Há questões de curto, médio e longo prazo. A de curtíssimo prazo é a pauta da classe trabalhadora, a PEC 55 e a reforma da Previdência que eles querem aprovar em tempo recorde. Isso vai exigir de nós reflexão e ação imediata. Mas a nossa luta geral é também de longuíssimo prazo”.
A I Plenária Nacional da Frente Brasil Popular continua nesta quinta, dia 8, e será encerrada com um ato para o qual é aguardada a presença de Lula, no final da tarde.