As frases acima, retiradas das redes sociais, mostram a insatisfação de participantes e assistidos com as alterações feitas pela Funcef na carteira de empréstimos. Agora chamada CredPlan, mas já apelidada de Pacote de Maldades pelos verdadeiros donos do fundo de pensão dos empregados da Caixa Econômica Federal, entrou em vigor na segunda-feira, 24 de outubro. A avaliação geral é de que as regras dificultam o acesso ao produto.
“Motivados por manifestações, recebidas inclusive nos nossos e-mails e redes sociais, vamos solicitar esclarecimentos à direção da Funcef. As mudanças ocorreram sem nenhuma transparência, mais uma vez os principais interessados não foram consultados. Fizemos uma avaliação preliminar, com apoio da nossa subseção do Dieese, e ficou claro que ficará mais difícil acessar esse importante tipo de crédito”, diz o presidente da Fenae, Jair Pedro Ferreira.
Fabiana Matheus, diretora de Administração e Finanças da Federação, também questiona a necessidade das alterações. “A operação com participantes sempre superou a meta atuarial. Tiveram, em 2015, a segunda melhor rentabilidade, perdendo apenas para a renda fixa. Além disso, os índices de inadimplência são muito baixos, pois trata-se de um consignado. Dizem que até o nome é plagiado. A Funcef precisa explicar o que motivou a decisão”, afirma.
Mudanças prejudiciais
A primeira mudança prejudicial diz respeito ao sistema de amortização, que agora terá como base o Sistema de Amortização Constante (SAC), no qual as primeiras parcelas são, em média, 25% mais caras do que no antigo modelo, a Tabela Price, utilizada por muitos anos. “Para quem está buscando crédito mais barato para quitar um ou vários empréstimos com juros maiores, o SAC é terrível. E torna-se ainda mais perverso para os mais velhos, que acabarão excluídos”, diz Fabiana Matheus, diretora de Administração e Finanças da Fenae.
Na questão dos juros, apesar da Funcef falar em redução, a realidade é outra. No CredPlan Variável, que deve ser a modalidade mais buscada, criou-se taxas diferenciadas, de 6,5% + INPC a 9,7% + INPC. No modelo anterior, os juros eram de 7,9% ao ano, independentemente do prazo de pagamento. Agora, duas das quatro faixas, exatamente as que tendem a ser as mais buscadas, estão com taxas mais elevadas: 8,8% (49 a 72 meses) e 9,7% (73 a 96 meses).
“Os prazos mais alongados são geralmente necessários para quem já está endividado. Agora, quem optar por isso terá que arcar com juros mais altos. Outra barreira que dificulta a concessão do empréstimo é a avaliação cadastral junto aos órgãos de restrição de crédito, como SPC e Serasa. Continuamos à disposição para receber e direcionar à Funcef as reclamações dos participantes e assistidos”, afirma Jair Pedro Ferreira.