A situação crítica virou até motivo de chacota na mídia. O site Sensacionalista, conhecido por fazer humor com o noticiário, publicou nesta segunda-feira (19) o texto “Bancários da Caixa estão em greve há dois anos e ninguém percebeu”. A falsa matéria destaca o relato da personagem Maria da Conceição, uma dona de casa. “Não vi diferença no atendimento de duas semanas para cá, que foi quando começou a greve geral. Tudo igual. A gente demorando cinco meses para tirar um extrato, sete meses para descontarem um cheque”, diz.
“Um banco com mais de 80 milhões de clientes e que paga milhões de benefícios sociais, trabalhistas e previdenciários precisa ter um quadro de pessoal proporcional à demanda. Mas não é isso que ocorre, infelizmente”, afirma o presidente da Fenae, Jair Pedro Ferreira. Ele acrescenta: “entre dezembro de 2003 e julho deste ano, o número de trabalhadores aumentou 70%, enquanto o de agências cresceu 99% e o de clientes, 288%”.
Para Fabiana Matheus, coordenadora da Comissão Executiva dos Empregados (CEE/Caixa), é inadmissível que a Caixa não acelere o ritmo de contratações. “Claro que a notícia do Sensacionalista é exagerada, o que é uma característica do site. Mas isso mostra que há uma insatisfação com o atendimento prestado à população. Enquanto os atuais trabalhadores se desdobram nas agências, enfrentando pressões diárias, problema que se agravou após o PAA, milhares de concursados aguardam convocação”, diz.
Ainda segundo Fabiana Matheus, a CEE/Caixa, que assessora a Contraf-CUT e o Comando Nacional dos Bancários, encaminhará resposta ao Sensacionalista. “O objetivo é ressaltar a realidade enfrentada pelos empregados Brasil afora. E, principalmente, reforçar que a culpa pela deterioração do atendimento é da empresa, que insiste em negar a necessidade de mais contratações”, frisa.
No final do ano passado, a Caixa chegou a ter 101 mil empregados. Com a assinatura do ACT 2014/2015, que previa a contratação de mais 2 mil até dezembro de 2015, a expectativa era de chegar aos 103 mil trabalhadores. No entanto, com a realização do Plano de Apoio à Aposentadoria (PAA), o quantitativo caiu para menos de 98 mil. Já dos quase 33 mil aprovados no concurso público, menos de 10% foram convocados até o momento. Neste ano, nos meses de fevereiro, março, julho, agosto e setembro, não houve uma contratação sequer.