Carta Capital
O ex-presidente da Bolívia Evo Morales afirmou nesta quarta-feira 15 que o governo brasileiro participou do golpe de estado que o retirou do poder em 10 de novembro de 2019.
Em entrevista ao portal argentino Página 12, o político sustenta que essa atitude do Brasil está alinhada com o que o governo dos Estados Unidos pretende para a América Latina.
“O governo brasileiro participou totalmente do golpe. Houve a participação da embaixada brasileira em uma reunião com Mesa [Calos Mesa, ex-presidente da Bolívia], com Quiroga [Jorge Quiroga, vice-presidente da Bolívia], com Camacho [ Luis Camacho, político ligado à Santa Cruz de la Sierra, tradicional reduto opositor de Evo]. Esses personagens, juntamente com setores da Igreja Católica, deram o golpe de Estado”, afirma Evo.
Morales, de 60 anos, vive na Argentina como refugiado político, após um breve asilo no México. A mudança de endereço aconteceu após sua renúncia à Presidência da Bolívia em meio a uma convulsão social no país. Na Argentina, permanecem refugiados os filhos do ex-presidente.
Morales governou a Bolívia por quase 14 anos e obteve uma polêmica vitória para um quarto mandato na eleição presidencial de 20 de outubro. Uma auditoria da OEA encontrou irregularidades que levaram à sua renúncia.
Após a saída de Evo, a senadora Jeanine Añez se proclamou presidente interina da Bolívia em uma sessão legislativa que não contou com o quórum em nenhuma das Câmaras.
Horas depois, o Tribunal Constitucional (TC) deu seu aval à proclamação de Añez como presidente interina. No pronunciamento, Añez levantou uma bíblia em alusão aos valores cristãos e conservadores.