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3 de Julho de 2020 às 15:48

Entregadores de aplicativos vão fazer nova greve em 12 de julho


RBA

São Paulo – Os entregadores de aplicativos prometem para o domingo, 12 de julho, uma nova greve contra a exploração trabalhista das plataformas de delivery. De acordo com informações do Brasil de Fato, a paralisação dará seguimento ao movimento que ficou conhecido como Breque dos Apps e que reuniu a categoria em atos e marchas nas principais capitais do país na quarta-feira (1º). 

Na pauta continuam as reivindicações pelo mínimo de condições para o trabalho. Os entregadores denunciam que, em plena pandemia do novo coronavírus, estão se arriscando diariamente sem itens básicos de proteção à saúde, como álcool em gel e máscaras. Os trabalhadores também cobram o aumento do valor mínimo das entregas e dos pagamentos recebidos por quilômetro rodado. 

As imagens da primeira greve nacional ocuparam a mídia brasileira, expondo o drama de quem chega a trabalhar mais de 12 horas por dia “com fome e carregando comida nas costas”, como descreveu o líder dos Entregadores Antifascistas, Paulo Roberto da Silva Lima, o Galo

Exploração trabalhista

Um estudo da Associação Aliança Bike indica que os entregadores ganham em média R$ 992 reais com uma jornada de 12 horas. A remuneração é menor do que o salário mínimo (R$ 1.045). Na pandemia, as empresas de aplicativos tiveram um aumento expressivo na demanda. Mesmo assim, levantamento da Rede de Estudos e Monitoramento da Reforma Trabalhista (Remir Trabalho) da Unicamp apontou uma queda na remuneração entre 60,3% dos entregadores entrevistados.

O segundo ato, para o próximo dia 12, reforça também a cobrança pelo aumento do valor mínimo das entregas e dos pagamentos recebidos por quilômetro rodado. Assim como a demanda pelo fim dos bloqueios indevidos e dos sistemas de pontuação dos aplicativos. Diversos especialistas consideram a mobilização por direitos da categoria como “histórica” e um marco contra o avanço da precarização e da chamada uberização do trabalho. 

O apoio ao #BrequeDosApps também foi massivo por parte dos consumidores e internautas. E ficou nas redes sociais como um dos assuntos mais comentados durante a greve. Nas lojas de aplicativos, as plataformas ainda receberam mais de 50 mil avaliações negativas em apoio aos direitos trabalhistas dos entregadores. 

Explicações do Ifood

Antes da paralisação desta quarta, no entanto, chegou a circular pelos grupos de motofretistas no Whatsapp um áudio de ameaça aos entregadores do Ifood que cogitavam participar da greve. Segundo reportagem de Carlos Juliano Barros para a coluna do UOL, um Operador Logístico (OL) diz que a categoria “entregadores OL” seria diferenciada das demais e por isso não se envolveria em nenhum tipo de manifestação.

Os OLs são uma espécie de serviço terceirizado da empresa que subcontrata “motoboys”. No áudio, o funcionário que trabalha para o Ifood diz que “em caso de insatisfação” do funcionário “essa questão poderia ser resolvida”. Entregadores também denunciam terem sido punidos por apoiar as manifestações. 

O Ifood afirma que “defende o direito livre à manifestação”. Mas o Conselho Nacional de Direitos Humanos (CNDH) endereçou nesta quinta (2) um ofício à empresa de delivery, pedindo explicações sobre as denúncias de ameaças. “Coibir, dificultar a livre organização e expressão fere nossa Constituição e as resoluções da OIT. As reivindicações dos trabalhadores e trabalhadoras de aplicativos que se mobilizaram só mostram a necessidade de garantir o direito ao trabalho com direitos”, destaca em nota o vice-presidente do CNDH, Leonardo Pinho.

O órgão ressalta que a Lei 7.783/1989 assegura o direito à greve. Assim como a Convenção 87 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), que garante o direito dos trabalhadores à tomada de decisões coletivas, entre elas, o direito à paralisação das atividades.


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