Diante das dúvidas e incertezas dos bancários provocadas pela publicação de medidas provisórias que alteram os direitos trabalhistas, a presidente da Contraf-CUT, Juvandia Moreira, reforçou a importância da negociação dos bancos com o Comando Nacional durante live realizada nesta quarta-feira (15).
Durante a transmissão ao vivo, Juvandia, que é uma das coordenadoras do Comando, destacou ainda a participação da categoria para cobrar os deputados federais e senadores que votam essas alterações.
A presidente da Contraf-CUT também falou sobre a reivindicação do movimento sindical para prorrogar o Acordo Coletivo 2019/2020, que vence em 31 de agosto de 2020, uma vez que as consultas e assembleias dos sindicatos estão prejudicadas pelo período de calamidade pública; a preocupação com a situação dos bancários após a pandemia diante do fechamento de agências do Itaú e do Santander, por exemplo; o acompanhamento de denúncias de bancos que ainda estão cobrando metas; entre outros pontos.
Confira abaixo os principais temas abordados:
Nas últimas semanas, o Comando Nacional dos Bancários vem cobrando dos bancos novas medidas de proteção à saúde dos trabalhadores como a implantação de barreiras de acrílico e a compra de máscaras de acetato para os bancários que estão no atendimento ao público.
“Os bancos informaram que já compraram as máscaras de acetato, alguns trabalhadores já receberam, em outros lugares ainda deve chegar. A gente acompanha isso com os sindicatos, que estão informando aonde está chegando esse e outros materiais, e aonde está faltando por meio do nosso comitê de crise”, explicou Juvandia.
De acordo com a presidente da Contraf, até o momento, Caixa Econômica Federal, Banco do Brasil e Itaú atenderam a reivindicação do Comando para implantação das barreiras de acrílico.
Durante a reunião realizada na última segunda-feira (13), entre o Comando Nacional dos Bancários e a Federação Nacional dos Bancos (Fenaban), a aglomeração nas agências bancárias foi um dos principais temas debatidos.
“Nós mostramos fotos e vídeos de várias agências em diferentes regiões do país, porque às vezes o banco fala para gente que melhorou, mas estamos vendo filas dobrando o quarteirão. Na Caixa, por exemplo, tem filas enormes por conta do pagamento do auxílio emergencial. E as pessoas estão indo para regularizar CPF, fazer cadastro, coisas que não são feitas na agência, e também para pedir informações, o que pode ser feito pelo telefone 111”, esclareceu Juvandia.
O Comando cobrou medidas dos bancos para reduzir essas aglomerações, como informar melhor a população sobre os serviços nos canais digitais e realizar o atendimento por agendamento. Também foi reforçada a necessidade de intervenção do poder público para organizar a fila do lado de fora da agência ou, nos casos em que isso não ocorrer, que seja feita a contratação de seguranças.
A MP 927 permite algumas alterações trabalhistas por meio de acordo individual e flexibiliza prazos, como o aviso de férias em 48 horas. O Banco do Brasil, por exemplo, já implementou parte dessa MP.
“O Banco do Brasil compulsoriamente colocou as pessoas de férias e comunicou a gente no dia que estava avisando para os bancários. Está errado, tem que negociar. O bancário tem um sindicato organizado, forte, que tem um Comando Nacional, que está em negociação toda a semana. Estamos dispostos a negociar”, ressaltou Juvandia.
O Comando quer discutir e analisar todas as questões referentes aos direitos dos bancários, como a compensação de horas, a situação de quem está no grupo de risco e de quem desempenha funções especificas que não podem ser desenvolvidas no home office, como o caixa, por exemplo. “Queremos que o banco negocie. Sempre é pior para o trabalhador quando a empresa não negocia com o sindicato”, acrescentou.
Outra preocupação do movimento sindical é a MP 905, aprovada pela Câmara dos Deputados nesta terça-feira (14). A proposta aumenta a jornada de trabalho do bancário para 8 horas, com exceção dos caixas, permite o funcionamento de determinados serviços bancários aos sábados, domingos e feriados, e altera regras da PLR.
Juvandia Moreira acompanhou a votação e chamou a atenção para parlamentares como o deputado Alexis Fonteyne, do Partido Novo, que votou a favor da MP, e lembrou que o Partido recebeu doação de campanha de Pedro Moreira Salles, presidente do Conselho de Administração do Itaú.
“Na pandemia, quem está na linha de frente expondo sua saúde, sua vida, são os bancários, que estão atendendo a população, garantindo que o autoatendimento está funcionando, fazendo a renegociação dos contratos, das dívidas, pagando os programas sociais que estão sendo aprovados. Aí vem um deputado que não conhece a vida deste trabalhador, não sabe a pressão que o bancário sofre, as metas que são cobradas, e fica falando que tem que trabalhar sábado, domingo e feriado”, criticou a presidente da Contraf.
Para Juvandia, a aprovação dessas alterações trabalhistas mostra que o bancário precisa ficar mais atento em quem está votando, se está escolhendo parlamentares que defendem os direitos dos trabalhadores.
“A gente tem que ter cuidado com quem a gente está elegendo no Congresso Nacional porque foram poucos os deputados que votaram a favor da classe trabalhadora e essa medida tem muitos prejuízos. Várias entidades e centrais sindicais tentaram combater essa medida. Nós buscamos reverter, conversamos com os senadores, deputados, inclusive o relator”, explicou.
O Comando Nacional dos Bancários conseguir aprovar um aditivo ao Acordo Coletivo 2019/2020, em dezembro de 2019, para evitar que a MP 905 seja aplicada para a categoria bancária. Esse aditivo tem validade de um ano e precisa ser renovado durante as negociações deste ano.
A MP 905 será agora analisada pelo Senado. Se não for aprovada pelos senadores até o dia 20 de abril, perderá validade. Juvandia Moreira pediu a participação da categoria para cobrar os parlamentares. “Os bancários têm que mandar mensagens e e-mails para os senadores, explicar a situação, pedir para não aprovarem essa medida”, destacou.
O pagamento do auxílio emergencial por meio da Caixa Econômica Federal também reforça a importância da valorização dos bancos públicos e de seus empregados. Em meio a uma situação de crise, são essas instituições que estão ajudando a reduzir os impactos na economia.
“Nós temos bancos públicos estaduais e federais que estão atendendo programas sociais. Isso mostra o quão acertado é o Brasil ter esses bancos públicos e o quão ruim é a política de privatização. Quem está atendendo a população mais vulnerável são esses bancos públicos, como a Caixa, por exemplo. É por isso que é um banco tão importante que a gente tem que defender”, ressaltou a presidente da Contraf.