Jornal GGN
“Enquanto o novo coronavírus se espalha no Brasil, o presidente Jair Bolsonaro demonstrou uma incapacidade alarmante de governar o país, minando a pandemia e os esforços para proteger e salvar vidas. E como resultado de seu comportamento irresponsável e divisivo, ele jogou o Brasil em uma profunda crise. Ele deve ser removido do cargo”.
A frase introduz artigo publicado no The Washington Post que aponta para os riscos de Jair Bolsonaro, em seu discurso e medidas tomadas, na propagação do novo coronavírus no país.
Assinado pela cientista social e antropóloga pela Universidade de Bath (Inglaterra) Rosana Pinheiro-Machado, o artigo no jornal estadunidense defende abertamente o impeachment de Jair Bolsonaro, apresentando não somente a defesa já exposta por membros do Congresso Nacional de sua retirada, como também os panelaços feitos pelos brasileiros durante semanas pedindo a saída do mandatário, medido inclusive por pesquisa do Atlas Político, que trouxe metade da população apoiando a sua queda.
“Além de qualquer cálculo político, permitir que Bolsonaro permaneça no poder é insustentável. Desde sua eleição, Bolsonaro liderou o Brasil seguindo uma cartilha fascista, atacando a imprensa e os povos indígenas, corroendo as proteções aos direitos humanos e oferecendo desculpas pela ditadura e tortura. Ele passou da quebra de decoro para abuso de poder e ataques contra a constituição. Sua má gestão do coronavírus só intensificou seus crimes de irresponsabilidade”, destacou a antropóloga.
Além de cartas de deputados, abaixo-assinados e pedidos recentes de lideranças políticas e governadores, a opinião de Rosana Pinheiro-Machado também foi compartilhada por editoriais da imprensa nos últimos dias. Bernardo Mello Franco, em coluna para O Globo, havia pedido o impeachment de Bolsonaro momentos antes do artigo do The Washington Post.
“Os desvarios de Jair Bolsonaro não cabem mais na esfera da política. Quando o presidente se torna uma ameaça à saúde pública, sabotando o esforço nacional contra a pandemia, seus atos devem ser submetidos aos tribunais”, havia dito o colunista, também neste domingo (29).
Para o articulista, o impeachment ainda seria pouco: “Quando a epidemia passar, a abertura de um processo de impeachment pode ser pouco para enquadrar o presidente. Se sua cruzada contra a vida prosperar, ele se candidatará a uma denúncia ao Tribunal Penal Internacional, que julga crimes contra a Humanidade.”