por Redação RBA
São Paulo – O discurso do ministro do Trabalho, Ronaldo Nogueira, foi interrompido durante alguns minutos na manhã de hoje (8, no horário de Genebra), durante a 105ª Conferência Internacional do Trabalho, na sede da OIT. Sindicalistas da CUT e da CTB, que não reconhecem o governo interino, usavam camisas com dizeres em espanhol, francês e inglês, falando da ocorrência de um golpe no Brasil. Na hora do discurso, levantaram cartazes com frases como "Direitos sim, golpe não" e "golpe no Brasil".
"Desde a semana passada, eles têm sofrido um questionamento muito forte, inclusive de governos", afirmou o presidente da Confederação Sindical Internacional (CSI), João Felício, que participa da conferência. Segundo ele, a imagem de que o atual governo é "golpista" atinge "ampla maioria" do movimento sindical. Felício afirmou que os protestos vão continuar pelo mundo, em toda reunião bilateral que envolva o governo interino, como já ocorreu com o chanceler brasileiro, José Serra.
O discurso de Nogueira, que enfatizou o compromisso do Brasil com a agenda de trabalho decente da OIT, foi feito antes do proferido pelo representante dos trabalhadores, Sérgio Luiz Leite, o Serginho. As outras quatro centrais sindicais presentes (Força Sindical, UGT, CSB e Nova Central) aplaudiram o ministro, que ao final do pronunciamento afirmou que "ninguém está acima da lei". A CUT chegou a conversar com a embaixada brasileira, mas se recusou, assim como a CTB, a participar de reunião com o ministro do Trabalho.
Separadas na questão política, as centrais convergem na avaliação de ameaça a direitos. O presidente da CSI enfatiza a importância das resoluções da OIT. "A grande dificuldade é fazer com que os governos e os patrões cumpram", afirmou, acrescentando que a organização sofre pressões para não fiscalizar questões como o exercício do direito de greve. O direito à negociação coletiva também é alvo de "truculência", diz Felício. "O que está acontecendo no mundo é um imenso retrocesso."
O dirigente cita o Brasil como exemplo. "Não precisa ter uma grande virada. Qualquer governo que iniciar um processo de construção do Estado de bem-estar social é derrubado. E isso se expressa aqui dentro (na OIT)."