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2 de Janeiro de 2017 às 09:10

Direção da Caixa discrimina gênero

Escondendo-se por trás de normativo do banco, instituição reforça visão machista de que mulheres devem ganhar menos quando engravidam; Sindicato cobra audiência com presidente, Gilberto Occhi, para discutir suspensão da prática desumana


Crédito: Reprodução

São Paulo – A Caixa segue intransigente quanto à decisão de descomissionar trabalhadoras gestantes. Por meio de ofício, o movimento sindical cobrou do presidente da instituição, Gilberto Occhi, audiência para discutir a suspensão da prática considerada desumana e discriminatória, mas não obteve retorno.  A resposta do banco partiu da área de negociação, limitando-se a argumentar que o normativo permite tal procedimento.

“Retirar função de gestante e ainda esconder-se em normativos do banco para justificar tal prática odiosa e discriminatória reforça que a direção da Caixa se reconhece em figuras como o deputado federal Jair Bolsonaro [PSC-RJ], que defende estupro, tortura e afirma que as mulheres devem ganhar menos porque engravidam”, afirma a dirigente sindical Jackeline Machado.

“Parecem não levar em conta que as mães têm jornadas duplas, às vezes triplas de trabalho, tendo de cuidar dos filhos e da casa, além do emprego profissional, e ainda por cima enfrentam a humilhação de ganhar menos do que os homens”, critica a dirigente.

“Que o normativo permite descomissionamentos de gestantes a gente já sabe. Queremos uma audiência com o presidente da empresa justamente para discutir mudanças nesse normativo”, explica Dionísio Reis, diretor executivo do Sindicato e coordenador da Comissão de Empresa dos Empregados (CEE), lembrando que o grupo de trabalho formado para discutir questões relativas a descomissionamentos arbitrários obteve poucos avanços devido à falta de vontade do banco em debater mudanças profundas. “O banco exige uma série de avaliações para a promoção na carreira, mas os descomissionamentos dependem de critérios arbitrários e, em alguns casos, unicamente da decisão pessoal do gestor. Essa injustiça precisa ser revista.” 

Caixa veta avanços nos GTs 

Na Berrini – O caso de uma bancária gestante descomissionada na unidade Berrini da Caixa é o exemplo mais recente. Ela trabalhava há quase 13 anos no banco e tinha função comissionada desde 2007. Mas o novo gestor da unidade resolveu descomissioná-la com apenas cinco meses de convívio, mesmo sem ter havido qualquer infração da trabalhadora aos normativos do banco.

Esse caso gerou protestos promovidos pelo Sindicato na agência e o ofício ao banco foi enviado no dia 14 de dezembro, um dia depois de o Sindicato paralisar a unidade.

> Sindicato defende direito de empregadas da Caixa 

“A Caixa não respondeu a nenhuma das argumentações descritas no ofício. O descomissionamento da gestante, ainda visivelmente mal fundamentado, revela uma gestão execrável, que trata com profundo desrespeito e falta de humanidade as trabalhadoras que perdem parte de seu salário justamente no momento em que precisam planejar com mais segurança o futuro”, critica Jackeline Machado.

“O Sindicato cobra uma audiência com o presidente da empresa para esclarecer o caso, como já cobramos de presidentes anteriores, que nos deram retorno”, acrescenta a dirigente.

Em 2012, o Sindicato conseguiu que outra bancária gestante recuperasse a função, levando o caso diretamente ao presidente do banco na época, Jorge Hereda. Na ocasião, a SR Santana, que coordenava a unidade Vila Sabrina, onde ocorreu o caso, teve de voltar atrás e devolver a função à trabalhadora.

Fonte: SEEB/São Paulo


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