São Paulo – A Caixa segue intransigente quanto à decisão de descomissionar trabalhadoras gestantes. Por meio de ofício, o movimento sindical cobrou do presidente da instituição, Gilberto Occhi, audiência para discutir a suspensão da prática considerada desumana e discriminatória, mas não obteve retorno. A resposta do banco partiu da área de negociação, limitando-se a argumentar que o normativo permite tal procedimento.
“Retirar função de gestante e ainda esconder-se em normativos do banco para justificar tal prática odiosa e discriminatória reforça que a direção da Caixa se reconhece em figuras como o deputado federal Jair Bolsonaro [PSC-RJ], que defende estupro, tortura e afirma que as mulheres devem ganhar menos porque engravidam”, afirma a dirigente sindical Jackeline Machado.
“Parecem não levar em conta que as mães têm jornadas duplas, às vezes triplas de trabalho, tendo de cuidar dos filhos e da casa, além do emprego profissional, e ainda por cima enfrentam a humilhação de ganhar menos do que os homens”, critica a dirigente.
“Que o normativo permite descomissionamentos de gestantes a gente já sabe. Queremos uma audiência com o presidente da empresa justamente para discutir mudanças nesse normativo”, explica Dionísio Reis, diretor executivo do Sindicato e coordenador da Comissão de Empresa dos Empregados (CEE), lembrando que o grupo de trabalho formado para discutir questões relativas a descomissionamentos arbitrários obteve poucos avanços devido à falta de vontade do banco em debater mudanças profundas. “O banco exige uma série de avaliações para a promoção na carreira, mas os descomissionamentos dependem de critérios arbitrários e, em alguns casos, unicamente da decisão pessoal do gestor. Essa injustiça precisa ser revista.”
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Na Berrini – O caso de uma bancária gestante descomissionada na unidade Berrini da Caixa é o exemplo mais recente. Ela trabalhava há quase 13 anos no banco e tinha função comissionada desde 2007. Mas o novo gestor da unidade resolveu descomissioná-la com apenas cinco meses de convívio, mesmo sem ter havido qualquer infração da trabalhadora aos normativos do banco.
Esse caso gerou protestos promovidos pelo Sindicato na agência e o ofício ao banco foi enviado no dia 14 de dezembro, um dia depois de o Sindicato paralisar a unidade.
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“A Caixa não respondeu a nenhuma das argumentações descritas no ofício. O descomissionamento da gestante, ainda visivelmente mal fundamentado, revela uma gestão execrável, que trata com profundo desrespeito e falta de humanidade as trabalhadoras que perdem parte de seu salário justamente no momento em que precisam planejar com mais segurança o futuro”, critica Jackeline Machado.
“O Sindicato cobra uma audiência com o presidente da empresa para esclarecer o caso, como já cobramos de presidentes anteriores, que nos deram retorno”, acrescenta a dirigente.
Em 2012, o Sindicato conseguiu que outra bancária gestante recuperasse a função, levando o caso diretamente ao presidente do banco na época, Jorge Hereda. Na ocasião, a SR Santana, que coordenava a unidade Vila Sabrina, onde ocorreu o caso, teve de voltar atrás e devolver a função à trabalhadora.
Fonte: SEEB/São Paulo