por Hylda Cavalcanti, da RBA
Brasília – Como reflexo do aumento da crise política e das repercussões da delação premiada feita pelo ex-executivo Cláudio Melo Filho na Lava Jato, divulgada no final de semana – segundo a qual mais de 70 políticos receberam propina da empresa, inclusive o presidente da República Michel Temer –, vários senadores aproveitaram para pedir, hoje (12), no plenário, a antecipação das eleições para a Presidência no país.
Um dos primeiros a tocar no assunto foi o senador Paulo Paim (PT-RS), que já defende o tema desde o início do ano. O senador lembrou que propôs, ao lado de colegas, em abril passado, uma emenda constitucional que previa para outubro a eleição do chefe do Poder Executivo, mas que terminou não seguindo com tramitação adiante. Segundo ele, “o país inteiro está estarrecido com as denúncias feitas pelo ex-diretor da Odebrecht, principalmente as que fazem referência ao atual presidente”.
Também a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) disse que o momento é de “agravamento da crise política institucional”. E, por isso, exigirá a concentração de esforços de todos os setores, de forma a levar o Brasil a sair da crise. “Temos uma crise nos poderes e entre os poderes”, afirmou. A parlamentar ressaltou que vê como única solução a realização de eleições diretas e acrescentou que esta precisa ser a discussão mais importante a ser tratada na Casa, a partir de amanhã (13).
Roberto Requião (PMDB-PR) afirmou não acreditar mais que reste outra saída ao Senado “senão cancelar a votação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 55, que congela os gastos públicos e o projeto de lei do Senado (PLS) 204, que trata da securitização das dívidas de estados e municípios”. Segundo ele, a tramitação das duas matérias deve ser trocada pela discussão sobre novas eleições presidenciais.
Requião ainda disse que a convocação de eleições gerais pode ser uma boa ideia a ser tratada também, para que, neste caso, as reformas que o país precisa sejam votadas “por representantes sintonizados com os interesses dos brasileiros e não com os dos banqueiros e empreiteiros”. “Não podemos ser indiferentes às denúncias que atingem a Presidência da República, boa parte dos ministérios, lideranças partidárias e nomes expressivos, influentes, deste Senado e da Câmara dos Deputados”, destacou.
O assunto ficou de ser tratado por líderes partidários de partidos da oposição durante a apreciação da PEC 55 amanhã, caso a pauta de votações da semana seja mantida – o que ainda está sendo avaliado.