por Cida de Oliveira, da RBA
São Paulo – A secretária nacional da Mulher Trabalhadora da CUT, Juneia Batista, repudiou declarações do ministro interino da Saúde, Ricardo Barros, que afirmou que os homens vão menos ao médico porque "trabalham mais do que as mulheres e são os provedores" das casas brasileiras.
Em lançamento da cartilha Pré-Natal do Parceiro, Barros afirmou hoje (11) acreditar que, além de os homens possuírem "menos tempo" do que as mulheres, eles fazem menos acompanhamento por uma questão de hábito e de cultura. Não é primeira a ilustrar a imprudência de Barros com as palavras a respeito. Em 15 de julho, ele afirmara que muitos pacientes recorrem ao médico por imaginar doenças.
Na avaliação de Juneia, a afirmação do ministro confirma o caráter machista do governo interino de Michel Temer (PMDB) desde a apresentação de seu ministério, em 12 de maio, composto por brancos, ricos, de meia idade e do sexo masculino.
"Fico espantada porque eles dizem o que pensam, sem se preocupar. E o ministro da Saúde deveria ser mais cuidadoso com o que diz. Primeiro porque não existe isso de os homens trabalharem mais e segundo porque o homem não é tão cuidadoso como as mulheres, inclusive com o próprio corpo", afirma. Segundo a Relação Anual de Informações Sociais (Rais), do Ministério do Trabalho, a participação feminina alcança 44% da população economicamente ativa, em geral nas ocupações com cargos e salários inferiores e jornadas superiores.
"A mulher trabalha cinco horas a mais que o homem por dia, somando 25 a mais ao longo de uma semana", lembrou a dirigente, destacando o estudo Síntese de Indicadores Sociais: uma análise das condições de vida da população brasileira em 2014, divulgada no final daquele ano pelo IBGE.
Em segundo lugar, segundo ela, os homens deveriam ir ao médico já que trabalham menos que as mulheres. "E não vão porque não se cuidam como as mulheres, que são mais cuidadosas em todos os aspectos, inclusive com a saúde, não têm como o próprio corpo o mesmo respeito que as mulheres."
A cartilha que Barros lançou integra um programa criado no governo da presidenta afastada Dilma Rousseff, que pretende aumentar a expectativa de vida dos homens, que vivem em média sete anos menos as mulheres e incentivar a participação e a responsabilização dos homens durante a gravidez de suas parceiras.