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O mundo já tem 5 milhões de casos confirmados de pessoas infectadas novo coronavírus. De acordo com monitoramento feito pela Universidade Johns Hopkins, instituição privada norte-americana, o contágio de covid-19 na América Latina já é maior do que nos Estados Unidos e Europa. Em função da pandemia, o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) já prevê um retrocesso sem precedentes no Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do planeta.
O total de mortos já estaria em 328.172, correspondendo a uma taxa média de letalidade de 6,5%. O número de pessoas que se recuperaram da doença é de 1,8 milhão. Os dados divulgados pela universidade são baseados em informações colhidas nos órgãos oficiais dos países.
Enquanto na maioria dos estados as autoridades ainda encontram dificuldades para impor um isolamento social monitorado – único meio eficaz de conter a expansão do contágio –, o governo federal segue na contramão. Aposta no contágio como forma de criar “proteção”, adota medidas tímidas para assegurar recursos e renda e insiste no uso de cloroquina com meio de tratamento. Mesmo com todos os alertadas científicos de que o medicamento não tem eficácia comprovada e ainda pode ter efeitos colaterais danosos.
O Pnud divulgou ontem (20) projeção de que a pandemia do novo coronavírus – depois de atingir os 5 milhões de casos confirmados – causará um retrocesso global nos níveis de saúde, educação e condições de vida. O recuo universal do IDH em decorrência da covid-19 seria o primeiro em 30 anos, desde que o indicador foi criado, em 1990.
“O mundo passou por muitas crises nos últimos 30 anos, incluindo a crise financeira global de 2007 a 2009. Cada uma delas afetou fortemente o desenvolvimento humano, mas, em geral, os ganhos de desenvolvimento foram acumulados globalmente ano a ano. A covid-19, com seu triplo impacto em saúde, educação e renda, pode mudar essa tendência”, declarou o administrador do Pnud, Achim Steiner, ao comentar as conclusões do estudo. De acordo com a análise, a renda per capita global deve cair 4% em 2020, com elevação dos índices de desemprego e endividamento dos governos.
Na saúde, o colapso dos sistemas de atendimento em todo o planeta deve ir além de não conseguir dar conta dos infectados pela covid-19. Isso porque pode inviabilizar o também atendimento de outras doenças. E assim eleva os riscos de mortes para outros segmentos da sociedade, mesmo que excluído dos grupos de risco do novo coronavírus.
Em relatório divulgado na última semana, o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) estimou que 6 mil crianças podem morrer diariamente de causas evitáveis, nos próximos seis meses, em razão do enfraquecimento dos sistemas de saúde pelo mundo causado pelo coronavírus. Segundo o Pnud, a deterioração do IDH será maior nos países pobres e em desenvolvimento.