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8 de Dezembro de 2015 às 05:15

Contra impeachment, lideranças dizem que é preciso ganhar opinião da maioria

Em encontro, lideranças partidárias, sindicais e sociais definem linha de ação contra o golpe, nas ruas e no Congresso Nacional


Crédito: Roberto Parizotti

Se a oposição tivesse respeito pelos 200 milhões de seres humanos que vivem no Brasil, eles fariam a briga com a Dilma de outra forma, sem prejudicar o País”, disse nesta segunda, dia 7, o ex-presidente Lula, durante Plenária Organizativa contra o Golpe.

É com a maioria desses milhões que é preciso dialogar fraternalmente, a partir de já, na tarefa de convencê-la de que o impeachment da presidenta Dilma não a favorecerá. Esse foi um dos caminhos apontados por Lula durante o encontro, realizado na capital paulista. Participaram lideranças de partidos políticos, centrais sindicais e movimentos sociais.

“Que se dê a oportunidade de cada um que nos últimos anos conquistou algum avanço, alguma melhoria, de se colocar em público, em alto e bom som: ‘Queremos garantir a soberania do voto popular’”, explicou Lula.

Para Vagner Freitas, presidente da CUT, “o impeachment não traz nenhum benefício às reivindicações do povo (...). Os mesmos que defendem o impeachment propõem projetos contra salário, direitos das mulheres, dos negros”, apontou.

A mobilização nas ruas será um dos pilares da luta contra o golpe, segundo todos os oradores que se revezaram ao microfone. Amanhã, dia 8, ocorre a primeira delas, no Rio de Janeiro, a partir das 16h. Outras mobilizações serão anunciadas ainda nesta segunda, quando as lideranças que compõem a Frente Brasil Popular e a Frente Brasil Sem Medo – das quais a CUT participa – definem o calendário de luta para este dezembro.

No Congresso

Paralelamente, será necessário construir e consolidar a maioria de votos na Câmara e no Senado, como forma de derrubar o pedido de impeachment de Dilma. Para exemplificar a importância dessa costura institucional, Lula lembrou da luta pelas Diretas Já, em 1984, quando os movimentos populares construíram imensa maioria nas ruas, mas perderam no voto.

Rui Falcão, presidente do PT, sinalizou a importância de construir uma ampla frente. “É preciso alterar a correlação de forças”, disse. “Vamos construir uma frente suprapartidária, com prefeitos, governadores, empresários e setores da oposição que não defendem golpe. Precisamos de um processo que passa também pelos deputados”.

Impeachment sem fundamento

O presidente do PT também lembrou que nem mesmo o argumento das “pedaladas fiscais”, sacado agora pela oposição, justifica o pedido de impeachment. Falcão afirmou que a execução orçamentária de 2014 foi aprovada pelo Congresso. E que as contas de 2015, ainda não examinadas, estão em ordem. Falcão disse que qualquer acusação sobre irregularidades neste ano, baseadas em parecer proferido por um procurador do TCU, é mentira. “A Dilma não descumpriu o Orçamento”.

Desfaçatez

“Toda a vez que o Brasil dá passos adiante, a desfaçatez toma o lugar do bom-senso”, disse também Lula, em referência a golpes e tentativas de golpe que se manifestaram em momentos que desembocaram na morte de Getúlio Vargas, na deposição de João Goulart ou no ensaio de impedir Juscelino Kubitscheck de assumir o mandato que venceu nas urnas.

“A Dilma é apenas a imagem pública do que eles querem atacar: a ideia de que o povo pode governar de um jeito diferente”, disse o ex-presidente.

O movimento dos estudantes secundaristas, que em novembro e dezembro ocuparam escolas estaduais em São Paulo, contra projeto do governo tucano de reduzir a rede de ensino, foi lembrado por muitos como exemplo de que a unidade na luta pode vencer as barreiras aparentemente intransponíveis.

“Muitos achavam que os tucanos eram invencíveis”, disse Carina Vitral, em referência ao recuo de Alckmin em relação ao projeto de fechamento de escolas. “Eles não são invencíveis. O Cunha não é invencível, a direita não é invencível”, completou.

Fonte: CUT Nacional


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