São Paulo - Igualdade salarial, transversalidade de gênero nas entidades sindicais, empoderamento das mulheres e combate à violência contra a mulher foram os principais temas debatidos durante o Comitê Mundial de Mulheres da UNI Global Union, realizado entre os dias 29 e 30 de março, em Buenos Aires, na Argentina. Dirigentes sindicais de todo o mundo também prestaram solidariedade ao Brasil, diante da tentativa de golpe.
O evento começou com um balanço desde a 4ª Conferência Mundial das Mulheres, ocorrida da Cidade do Cabo, em 2014. Todas as entidades presentes mostraram um pouco do trabalho que tem sido feito em suas bases.
“O combate à desigualdade de gênero continua sendo o principal desafio. A principal campanha da UNI por igualdades de oportunidades é para corrigir a diferença salarial de 23%, média mundial, entre salários dos homens e das mulheres”, lembrou Elaine Cutis, secretária de Mulher na Contraf-CUT.
“No Brasil, enfrentamos esse tema nas campanhas salariais, inclusive somos uma das primeiras categorias a conquistar uma mesa temática bipartite para discutir o tema com os banqueiros e temos também em projeto de Lei em tramitação por Igualdade de Oportunidades, mas é uma luta permanente”, completou Neiva dos Santos, diretora executiva do Sindicato dos Bancários de São Paulo e membro do Comitê Mundial de Mulheres da Uni.
Violência contra a mulher
O encontro em Buenos Aires também discutiu o enfrentamento à violência contra a mulher. Uma pesquisa será feita em conjunto com a Organização Internacional do Trabalho (OIT), para aferir quantas mulheres no mundo foram atingidas pelo problema ao longo da vida e como isso impactou no trabalho.
“Estudos preliminares indicam que 70% das mulheres já sofreram algum tipo de violência, isso tem reflexo direto no mundo do trabalho. A nova pesquisa vai ajudar a construir uma nova convenção da OIT sobre violência doméstica”, explicou Neiva.
Assédio Sexual
A secretária da Mulher, Elaine Cutis, apresentou ao Comitê a Cartilha de Combate ao Assédio Sexual no trabalho, desenvolvida pela Contraf-CUT. Ao todo, 100 mil exemplares foram distribuídos para mais de 100 sindicatos em todo o Brasil, para dialogar com as bancárias e também com os bancários sobre o problema. Desde 2001, assédio sexual é crime no Brasil, com pena prevista de 1 a 2 anos de detenção.
“O material da Contraf foi muito bem recebido pelas representantes sindicais de outros países. Uma ideia que pode ser replicada por todas as categorias. As vítimas precisam ter apoio para denunciar e o conhecimento é fundamental nestes casos”, conta Elaine
Novas tecnologias
O impacto das novas tecnologias no mundo do trabalho foi outro tema abordado pelas sindicalistas. A redução dos postos de trabalho pode ser sentida principalmente no ramo financeiro e os trabalhadores brasileiros são diretamente atingidos. Uma nova resolução será construída para ser aprovada no próximo congresso.
Números do Dieese que a quantidade de agências no Brasil cresce abaixo da demanda por serviços bancários. Até por isso, a representatividade das agências nas operações caiu pela metade entre 2010 e 2014. Hoje, apenas 7% das transações são realizadas em agências.
“Esse fenômeno do trabalho remoto, banco digital, do home office, além de precarizar as relações de trabalho, afasta os trabalhadores dos sindicatos. E a precarização sempre atinge mais as mulheres, do que os homens. Um assunto de extrema importância em nossos debates”, avaliou Neiva.
Solidariedade ao Brasil
Todas as integrantes do Comitê Mundial de Mulheres da UNI Global, presentes em Buenos Aires, prestaram apoio à presidenta Dilma Rousseff e ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Por unanimidade, rechaçaram a tentativa de golpe e demostraram preocupação com os rumos da democracia brasileira e a possibilidade de retrocesso.
Confira alguns depoimentos:
Denise Mcguire - presidenta UNI Global Union Mulheres
“Quero demonstrar toda minha solidariedade com a luta e pela continuidade da democracia no Brasil”.
Veronia Melemdez – diretora de Igualdade de Oportunidades – UNI
“Queremos dar nosso apoio às mulheres e ao povo do Brasil, que está, neste memento, defendendo a democracia”.
Alejandra Estoup – presidenta Uni América Mulheres
“Nossa solidariedade a todos os trabalhadores e trabalhadoras do Brasil. Não vamos permitir que a presidenta Dilma seja retirada do governo do Brasil, dentro de uma democracia, que se lutou tanto para construir. Toda nossa solidariedade”.
Milagro Pau – sindicalista Uruguai
“Estamos com a democracia, não vai ter golpe. Viva o Brasil! Viva a América Latina! Estamos unidos”.
Patrícia – sindicalista La Bancaria
“Apoiamos a continuidade do governo Dilma. Argentina e Brasil juntos pela democracia”.
Yoko Ogawa – representante UNI Japão
“Nós apoiamos a democracia no Brasil”.