São Paulo – O Comando Nacional dos Bancários terá nova rodada de negociação com a Fenaban, a entidade que representa as instituições financeiras, na tarde desta quarta-feira (5), às 17h. A reunião foi solicitada pelos bancos. Os bancários, que completam no mesmo dia 30 dias em greve com forte adesão em nível nacional, cobram uma proposta que tenha condições de ser apresentada para a categoria. A última vez que uma proposta foi levada a apreciação em assembléia – reajuste de 6,5% e abono de R$ 3.000 –, foi em 1º de setembro, o que desencadeou a deflagração da greve cinco dias depois.
A oferta foi considerada incompatível com o desempenho dos bancos, apenas os cinco maiores tiveram lucros de R$ 30 milhões no primeiro semestre. As tentativas seguintes da Fenaban, de elevar o reajuste para 7% e o valor do abono único (primeiro para R$ 3.300, no dia 15 de setembro, e depois para R$ 3.500, no dia 28), foram descartadas na própria mesa de negociação por não alterar o conceito interpretado pelo comando da categoria como política de redução salarial – uma vez que o reajuste não repõe a inflação e o abono não produz efeito sobre a renda futura dos trabalhadores.
Segundo a presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região, Juvandia Moreira, para que uma proposta seja levada à avaliação dos profissionais em greve é necessária uma mudança de postura. “É preciso valorizar os bancários, debater mecanismos de proteção aos empregos, melhorias as condições de trabalho, inclusive com reajuste para vales e auxílios que têm defasagem maior que a inflação”, afirma. “Nesta quarta-feira, a categoria está completando 30 dias de greve. Esperamos que os bancos venham para a mesa com proposta que possa resolver a campanha.”
Ontem (4), 791 locais de trabalho fecharam na base do sindicato, de acordo com a entidade, e cerca de 42 mil trabalhadores participaram das paralisações. A adesão tem abrangência nacional e a Confederação Nacional dos Trabalhadores no Ramo Financeiro (Contraf-CUT) lembra em seu site que, ao completar 30 dias, a greve iguala o movimento de 2004, primeiro ano com negociações unificadas entre bancos públicos e privados. A greve mais longa na história da categoria, iniciada em 28 de agostos de 1951, durou 69 dias.
O presidente da Contraf-CUT, Roberto von der Osten, observa que a paralisação desafia o aparato repressivo e judicial acionado pelos bancos. “Em algumas regiões os bancos colocaram a polícia para pressionar e obrigar os bancários a trabalhar. Tem bancos produzindo documentos com ameaças e informações falsas. Isso é mentira e a categoria está ciente”, diz.
A categoria tem conseguido reverter na Justiça tentativas de criminalização do direito de greve. Na segunda-feria (3), a Justiça do Trabalho negou pedido de prisão da presidenta do Sindicato dos Bancários de Pernambuco, Suzineide Rodrigues, feito pela seccional local da Ordem dos Advogados do Brasil. Em seu despacho, a juíza Mariana de Carvalho Milet considerou o pedido de prisão "medida excepcional e extrema" e que não se adequa ao tratamento jurídico que deve ser dado à greve dos bancários.
Com informações do Sindicatos dos Bancários de São Paulo e da Contraf-CUT