Notícias

home » notícias

23 de Abril de 2020 às 14:45

CFM diz a Bolsonaro que não há prova da eficácia da cloroquina contra coronavírus


Congresso em Foco
Flávia Said

O Conselho Federal de Medicina (CFM) entendeu que não há evidências científicas sólidas de que a cloroquina e a hidroxicloroquina tenham efeito confirmado na prevenção e tratamento da covid-19.

“Posicionamento é de que não existe nenhuma evidência científica forte que sustente o uso da hidroxicloroquina para o tratamento da covid”, disse o presidente do conselho, Mauro Luiz Britto Ribeiro a repórteres no Palácio do Planalto. Ele apresentou o parecer da entidade ao presidente Jair Bolsonaro e ao ministro da Saúde, Nelson Teich, na manhã desta quinta-feira (23). O CFM é uma autarquia federal que tem a competência legal de determinar que medicamento é ou não experimental no Brasil.

“O presidente e o ministro em nenhum momento se opuseram às competências legais do Conselho Federal de Medicina”, disse ele.

O presidente do conselho afirmou que existem apenas estudos observacionais com pouco valor científico sobre o uso da hidroxicloroquina no combate ao novo coronavírus. No entanto, o uso do medicamento foi liberado para tratamento em três situações de covid-19: para paciente em estado crítico internado em terapia intensiva e com lesão pulmonar; para paciente que chega ao hospital com sintomas e decide pelo uso do medicamento; e para paciente que apresente sintomas iniciais da doença, desde que descartadas as possibilidades de estar com dengue ou influenza A ou B.

Nos três casos, o uso é “compassivo” e o médico deve informar ao paciente os riscos da droga e a ausência de evidência científica. O conselho não recomenda a utilização do medicamento, mas deixa a  escolha a critério do médico, em decisão compartilhada com o paciente. Segundo Britto Ribeiro, a liberação ocorre porque se está dando valor ao aspecto observacional. Ele pondera que os efeitos colaterais existem, mas são raros.

“Não existe qualquer indicação do uso preventivo da hidroxicloroquina em relação ao covid. Isso é consenso em qualquer literatura do mundo e essa é a postura também do Conselho Federal de Medicina”, disse.

Isolamento social

A posição do CFM é de defesa das medidas de afastamento social como forma de prevenção à covid-19. “As medidas de isolamento social têm sido recomendadas em todo o mundo como a única estratégia eficaz para impedir a disseminação rápida do coronavírus”, diz o parecer do conselho. Com essas medidas, prossegue o parecer, impede-se a sobrecarga dos sistemas de saúde, permitindo cuidados aos pacientes, em especial os mais graves, que necessitam de internação hospitalar e UTIs.

Britto Ribeiro também chamou atenção para os aspectos econômicos da doença. “ Essa doença paralisou o mundo. Ela colapsa o sistema de saúde, mas não só o sistema de saúde. Essa doença colapsa o sistema econômico-financeiro, ela causa a falência de centenas de milhares de empresas, com milhões de desempregados e ela tem um custo social imenso, porque para a prevenção dessa doença, é necessário que nós nos isolemos”, disse ele.



Notícias Relacionadas