Escrito por: CUT Nacional
A Direção Executiva Nacional da CUT, em reunião ampliada no dia 26 de abril de 2016 em São Paulo, reitera seu repúdio ao golpe político em curso no país, perpetrado pelas forças conservadoras, e conclama suas bases a continuarem lutando, ao lado das forças democrático-populares, em defesa da democracia e dos direitos.
No dia 17 de abril, a Câmara dos Deputados aprovou a admissibilidade do impeachment da presidenta Dilma, processo que terá seu desfecho no Senado em poucas semanas ou que poderá se estender pelos próximos seis meses. O que aconteceu nos últimos dias e o que está para acontecer no futuro próximo revelam o que está em jogo na sociedade brasileira: a tentativa de remover do poder a Presidenta eleita legitimamente por mais de 54 milhões de brasileiros, sob a falsa acusação de crime de responsabilidade. Essa tentativa de usurpar o poder, sem que pese contra a Presidenta nenhuma culpa, é golpe. A CUT o denuncia e o continuará combatendo com todas as suas forças.
A maneira como o impeachment está sendo conduzido, sob pretexto de legalidade e do estrito respeito às normas constitucionais é uma fraude, que a CUT continuará rejeitando e denunciando como atentado à democracia. Os motivos reais que levaram a maioria dos deputados federais a votar a favor do impeachment, e seu comportamento obsceno na sessão que deixou a nação perplexa e escandalizou a imprensa internacional, aviltam as instituições democráticas por constituírem uma absoluta inversão de valores: uma presidenta inocente é condenada por uma camarilha de bandidos, sob os quais pesam sérios indícios de crime. Isto a CUT repudia da forma mais veemente e continuará denunciando e combatendo com todas as suas forças ao lado dos setores da sociedade comprometidos com a democracia.
As forças políticas que vêm construindo a farsa golpista, encasteladas no Ministério Público, no Poder Judiciário e no Parlamento, os empresários que atuam nos bastidores a favor do golpe com o objetivo de submeter o país aos interesses do imperialismo e das empresas multinacionais, com a entrega do Pré-Sal às petrolíferas estrangeiras e a retirada de direitos da classe trabalhadora, os setores da classe média que defendem o golpe nas ruas, são municiadas sistematicamente pela mídia oligopolizada numa sórdida campanha de manipulação de fatos e notícias. Contra essas forças se erguem amplos setores da sociedade, unidos contra o golpe e em defesa da democracia: trabalhadores/as do campo e da cidade, estudantes, artistas, intelectuais, profissionais liberais, articulados pela Frente Brasil Popular e pela Frente Povo Sem Medo. São milhões de brasileiros que continuarão saindo às ruas, ocupando praças e avenidas, organizando atos culturais e políticos, promovendo manifestações de massa, utilizando as redes sociais e pressionando os Senadores a se posicionarem contra o impeachment. A CUT tem desempenhado e continuará a ter um papel fundamental na organização da resistência ao golpe.
Temos muitas batalhas pela frente. A primeira delas é propor ao governo Dilma um plano emergencial de combate à crise, com medidas que atendam aos interesses dos setores democrático-populares. Ao mesmo tempo, lutaremos para barrar o impeachment/golpe no Senado e para afastar Cunha da Câmara dos Deputados, exigindo seu julgamento e punição exemplar. Fora Cunha! Essas batalhas serão decididas com a pressão da classe trabalhadora e dos movimentos sociais nas ruas. Os próximos dias serão decisivos, conferindo às manifestações do Primeiro de Maio um caráter especial: ode uma Assembléia Popular da Classe Trabalhadora em defesa da democracia e dos direitos. Em primeiro plano deve estar a nossa luta contra o golpe. Novas manifestações de massa deverão ser realizadas, entre 9 e 11 de maio, pressionando o Senado a se posicionar contra a continuidade do processo de impeachment.
Se o Senado aprovar o impeachment, continuaremos a luta, desta vez para denunciar a ilegitimidade do eventual governo Temer, combatendo sem tréguas as medidas que retirem direitos da classe trabalhadora ou prejudiquem seus interesses.
Para orientar nossas bases, aprovamos o seguinte calendário de lutas:
NÃO VAI TER GOLPE, TEM LUTA!
Direção Executiva da CUT