por Redação RBA
São Paulo – No primeiro dia da primeira reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) sob efetivo comando de Ilan Goldfajn, nesta terça (19), as centrais sindicais reconhecidas formalmente (CSB, CTB, CUT, Força Sindical, Nova Central e UGT) fazem ato de protesto a partir das 10h diante da sede do Banco Central em São Paulo, na Avenida Paulista, para cobrar redução da taxa básica de juros, a Selic, e contra o desemprego.Será a primeira manifestação com todas as entidades desde o afastamento da presidenta Dilma Rousseff. Em outra ponta, o chamado mercado aposta majoritariamente na manutenção, pela oitava vez seguida, em 14,25% ao ano. A disputa se acirra com a expectativa de "ajustes", pelo governo interino, que encontram oposição dos sindicalistas.
Entre esses ajustes, estão a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 241, que limita gastos sociais à correção da inflação do ano anterior. A PEC do chamado Novo Regime Fiscal, que estabelece o teto pelos próximos 20 anos, aguarda parecer na Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania da Câmara. O relator é o deputado Danilo Forte, do PSB cearense.
Na semana passada, durante seminário promovido pelo Sindicato dos Bancários de São Paulo, o economista João Sicsú apresentou uma simulação com base na proposta contida pela PEC. Se as regras já tivessem sido aplicadas em 2015, os gastos com educação teriam caído 70% e com saúde, 35%.
Outra aposta se refere ao andamento da reforma da Previdência, com propostas de mudanças também criticadas pelas centrais. Em ambos os casos, a previsão é de que o andamento se acelere a partir da definição sobre o processo de impeachment da presidenta Dilma Roussef no Senado.
A Selic completa um ano em 14,25%. Desde então, foram sete reuniões do Copom sem mudança, a mais recente, em junho, já com governo interino, mas ainda sob a presidência de Alexandre Tombini. O encontro começa amanhã à tarde e termina no dia seguinte, após o fechamento do mercado financeiro.
A taxa nominal é a maior em dez anos. A taxa real de juros (descontada a inflação) está em torno de 5%, ante 3% no início do ano, já que desde então o IPCA acumulado em 12 meses variou de 10,71% para 8,84%. Apesar da perda de força da inflação, o discurso do BC segue sendo de cautela. A reunião seguinte será realizada em 30 e 31 de agosto, mas o "mercado" aposta mais em corte de juros em outubro (18 e 19), quando, conforme assinala o jornal Valor Econômico, "o impeachment deverá estar definido e, a partir daí, as medidas de ajuste fiscal podem evoluir no Congresso".